"Estamos nos ajoelhando na beira dos rios e em tentação
Todos os passos a seguir estão mais de perto de um passo atrás
Isso é apenas quando você se sente que uma parte está vazia?
Está atormentando os cantos de sua mente"
- LP (Muddy Waters)
Numa...
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~Rick Grimes ~
Lily Argent. Esse era o nome que se encontrava listado na agenda de registros daquele motel de beira de estrada.
De todos os casos pacatos que eu costumava lidar com Shane em King County, era um tanto surreal assimilar que naquele exato momento haviam nos contatado afim de que impedíssemos a tentativa de suicídio de uma pessoa.
"Uma garota" salientei em minha mente, enquanto acelerava meus passos na escada, afim de chegar o quanto antes até a sacada de um dos quartos do último andar. Meu amigo cobria o térreo, tentando distrai-la da tentação de pular, mas sabia que as reais chances de dissuadi-la estavam comigo no momento.
Usando-me das chaves que o proprietário me cedeu, adentrei os aposentos sem fazer nenhum alarde, evitando a assustar com minha abordagem, pois por mais que suas mãos se segurassem firmemente nas grades onde se encontrava sentada, boa parte do corpo dela já se posicionava para frente.
— Lily? — a chamei com cautela, a vendo virar-se para atender ao meu chamado. Seu rosto estava molhado pelas lágrimas, seus olhos de traços levemente puxados muito inchados, e os lábios trêmulos. Por Deus, o que aquela menina fazia ali?! — Se importa se conversarmos um pouco? — inquiri, começando a dar passos discretos em sua direção.
Lily até chegou a abrir a boca para me responder, embora sua voz tenha falhado no processo. No entanto, não tinha problema algum, pois mais alguns passos e já estava ali, sentando-me do seu lado.
Parando para administrar melhor o ambiente à nossa volta, pude ter um vislumbre de Shane lá embaixo, observando-nos com cautela. Também dei-me conta de que não nos encontrávamos numa altura realmente mortal, ainda que pudesse imaginar Lily quebrando bons ossos numa possível queda.
Portanto, por que ela se colocava nessa situação?
— Não seria uma experiência muito bacana, não acha? Se espatifar ali embaixo. — ponderei num tom serene, não incentivando-a, apesar de tudo.
— Se você acredita que eu me importo com isso, é porque não faz ideia do que já vivi. — ela murmurou entredentes, fitando o piso abaixo, provavelmente na intenção de me evitar.
Silenciei-me por um instante, ciente de que talvez a garota tivesse razão, e por mais que eu não conseguisse pensar em algo tão fatalista para dar cabo de minha própria vida, talvez Lily tivesse algo que estivesse a impulsionando para isso.
De qualquer forma, não permitiria que “isto” — seja lá o que fosse — ceifasse a vida de uma moça tão nova.
— Sabe, você bem que poderia tentar me contar sobre. Sou policial, e meio que é meu dever ajudar as pessoas na resolução de...problemas. — dei ênfase à última palavra, permitindo que ela a interpretasse como bem entendesse para responder aos seus conflitos.
