Prólogo

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1 ano após a guerra

— Estão animados para a volta às aulas? — Hermione chamou a atenção de Tianyi, fazendo a garota desviar o olhar do rio congelado.

A chuva caía e deixava o dia ainda mais melancólico. As nuvens cinzas e pesadas não eram sinônimo de tristeza para a menina, pelo contrário, Tianyi amava a chuva e o frio com a junção de um bom livro e chocolate quente. Era Outono, mas os dias estavam mais frios do que o comum para a época.

O expresso de Hogwarts estava quase chegando ao seu destino e Tianyi tentava não recordar os dias de guerra. O último ano havia sido tranquilo em sua casa. Seu pai estava trabalhando bastante e sua mãe estava quieta, vivendo o luto do pai. Tianyi era assombrada pelo luto da perda do avô e da melhor amiga. A cada metro que o trem se movia, lembranças apareciam em sua mente como um filme. As perdas, as mortes que acabou presenciando, a escola destruída, o medo constante.

— Não estou muito. — Rony disse enquanto comia alguns doces. — Me acostumei a ficar em casa. — fez uma careta.

— Será bom estar de volta à escola sem ter medo. — Potter falou.

— E você, Tianyi? — a garota puxou as mangas da blusa de frio para baixo.

— Não estou animada, mas estou mais tranquila do que antigamente. Concordo com Harry.

— Droga, meu chocolate acabou e a moça ainda não passou com o carrinho. — Weasley juntava papéis de balas espalhados no próprio colo.

Tianyi riu do ruivo. — Vou dar uma olhada nos outros vagões. — a menina queria se distrair das memórias dolorosas que o silêncio trazia.

Enquanto caminhava pelo trem, uma porta se abriu de repente,  fazendo com que ela esbarrasse em alguém.

— Desc - — ela se apressou em dizer, quando levantou a cabeça. Era Draco Malfoy.

Malfoy não incomodava mais ninguém. Os traumas, a matança, os comensais da morte, tudo o que aconteceu e que o impediam de dormir à noite não o deixavam de lado durante o dia também. As pessoas pareciam ter medo e um certo nojo pela família Malfoy. Não existia mais a vontade de estarem perto de pessoas que estavam ligadas ao responsável pela morte de tantas vidas.

Tianyi  reparou  nas olheiras do garoto, na pele pálida e nos olhos praticamente sem cor alguma. Estava magro, poderia facilmente estar desnutrido. Usava um terno preto e não estava com o humor nas alturas. Ele sabia que mesmo que intimidasse as pessoas,  ninguém o queria por perto para além dos seus amigos comensais. 

— Hozier. — o garoto disse o sobrenome da menina. Ele sabia bem quem ela era.

— Desculpe. — Tianyi disse e Malfoy a encarou sem expressão por alguns segundos, antes de fechar a porta da cabine atrás de si e continuar andando.

Hozier encarou as costas de Draco por um momento, pensando em como ele estaria lidando com toda a humilhação que o pai dele estava passando nos jornais. Lucius Malfoy estava preso em Azkaban, como todo o grupo de Voldemort.  Narcisa estava lutando para que o marido fosse liberto e tudo estava sendo noticiado  como uma boa novela de entretenimento para a população. O loiro certamente não sairia tão cedo de Hogwarts para não ser perseguido.

— Com licença, querida. — a voz de uma mulher fez com que Tianyi a olhasse.

— Olá, — ela encarou o carrinho de doces. — gostaria de alguns sapos de chocolate, feijõezinhos de todos os sabores e sapos de hortelã, por favor.


Entrar na escola foi estranho para Tianyi. Pelo menos, tudo estava como era antes da guerra. Como se nada tivesse acontecido. Quando o discurso de Mcgonagall começou no Salão Principal, a garota de cabelos castanhos sorriu para os amigos da Grifinória.

— Ficou sabendo que teremos algumas matérias repetidas este ano? — Hozier olhou para Luna, sua amiga e companheira de quarto.

— Sim. Alguns alunos não conseguiram acompanhar tudo e Mcgonagall decidiu recomeçar.

— Conseguiu  visitar os seus pais?

— Sim. Bem rápido, mas sim. Existem alguns seguidores de Voldemort querendo matar o meu pai ainda.

Ser filha do Ministro da Magia tinha muitas vantagens. Dinheiro, bailes, presentes. Entretanto, diante do cenário da população, ele era um dos mais perseguidos pelos comensais sobreviventes que viviam nas sombras, escondidos.

— Ainda bem que Lucius Malfoy está preso. — a menção do nome fez a menina encarar a mesa da Sonserina. — Ele está sendo o mais humilhado de todos. Não tenho dúvidas que ele quer ir atrás do seu pai.

— É. Meu pai o prendeu e já espera que algo aconteça. Minha mãe quer que nossa família seja desligada do Ministério da Magia da Grã-Brethania, mas meu pai gosta de trabalhar como o Ministro da magia.

— É um ótimo cargo.

Tianyi percebeu o olhar de Draco em si por alguns segundos. Ela não tinha medo ou nojo do garoto, mas sabia que ele a odiava por causa de sua família.

𝑪𝒐𝒏𝒔𝒕𝒆𝒍𝒍𝒂𝒕𝒊𝒐𝒏𝒔 𝑨𝒃𝒐𝒗𝒆 𝑼𝒔 • 𝐷𝑟𝑎𝑐𝑜 𝑀𝑎𝑙𝑓𝑜𝑦Onde as histórias ganham vida. Descobre agora