۪۫❁۪۪ Capítulo 26 ۪۫❁۪۪

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O jardim, que sempre pareceu tão viçoso e vibrante aos meus olhos, onde vi florescer e murchar tantas gerações de flores, onde passamos por momentos bons e amargos em diferentes fases da vida, agora me parecia cinzento e lastimoso, engolido pela d...

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O jardim, que sempre pareceu tão viçoso e vibrante aos meus olhos, onde vi florescer e murchar tantas gerações de flores, onde passamos por momentos bons e amargos em diferentes fases da vida, agora me parecia cinzento e lastimoso, engolido pela densa e tenebrosa névoa, diluindo qualquer coisa que estivesse à mais de poucos metros de distância e afugentando a reminiscência do que este belo jardim já foi.

Ao avançar, era possível ver se revelarem os corpos sem vida de pessoas uniformizadas que poderiam ou não ser nossos soldados, e de alguns invasores, em um morticínio devastador. Um cavalo desgarrado, manchado pelo vermelho sanguinolento de um provavelmente já morto cavaleiro, estava de pé entre as flores, movimentando nervosamente as orelhas para todos os lados. Coloquei Amélia sobre ele e depois fiz o mesmo às pressas, deixando-a na minha frente de forma que eu pudesse envolvê-la com meu próprio corpo, o pouco que eu poderia fazer para protegê-la. Tão logo alcançamos a ponte desguardada onde os postes iluminavam piongos, tão piongos quanto a luz dos cemitérios.

Naquele momento eu finalmente resolvi olhar para trás, receoso de que estávamos sendo seguidos, mas vejo apenas as indistintas silhuetas das árvores que se estendiam amedrontadoras na densa névoa, alguns cavalos sem cavaleiros, os corpos que ali jaziam, várias áreas do jardim arruinadas pela truculência da batalha. Mas uma visão em particular faz meu corpo estremecer de temor. Um homem alto, imóvel à beira do precipício que delimitava os limites do terreno do castelo, segurava em uma das mãos algo difuso, que parecia despejar sobre o solo um líquido abundante, como uma jarra que esvazia seu conteúdo incontida. Na outra mão, o luzir metálico resplandecia em um brilho agourento. Precisei de apenas mais alguns instantes para assimilar aquela visão intimidante. Era Aiden, segurando a cabeça decepada de um provável anormal invasor, e na outra, carregava uma arma, esta que estava sendo direcionada para nós.

- Amélia! - Clamei ao mesmo tempo que me jogava sobre ela, recebendo em cheio o projétil em minhas costas.

Amélia exclamou atemorizada, sem entender ao certo o que acabara de acontecer. Observei Aiden uma última vez antes que desaparecesse por detrás das árvores e vegetações nas quais eu me aprofundava velozmente.

Observei-o com um misto de ira e pavor. Aiden já desconfiava de meu envolvimento com anormais há tempos, e este fora apenas o estopim para que me tomasse como culpado e traidor, mesmo que eu nada tenha a ver com a tragédia que discorria. A memória da morte de Karina me vem à mente. Acreditava que independente do que eu diga ou prove a ele, sua decisão de me escolher como um mártir e amenizar sua ânsia por vingança tirando a vida daquele que aos poucos simpatizava com os que mataram a mulher que ele amava seria irredutível.

Naquele momento eu fizera de um dos mais temidos guerreiros do reino meu inimigo, o homem que um dia já fora meu professor e a quem depositei grande admiração, e na próxima vez que nos encontrássemos, certamente derramamento de sangue seria inevitável resultado desse indesejável reencontro.

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