۪۫❁۪۪ Capítulo 36 ۪۫❁۪۪

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Em pouco tempo, Anastacius permitiu-me voltar a acompanhá-lo em suas caçadas cada vez mais eventuais devido ao inverno que se instalava com vigor

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Em pouco tempo, Anastacius permitiu-me voltar a acompanhá-lo em suas caçadas cada vez mais eventuais devido ao inverno que se instalava com vigor.

- A comida some mais rápido do que aparece. Em breve vamos ter que comer a carne repugnante que vende nas redondezas. - Lamentou-se enquanto atiçava os cavalos com as rédeas.

A brancura invernal estava por toda parte, como um manto a que nada escapa, e o frio enregelava até os ossos. O sol poente aliviava o corpo gelado, mesmo que pouco.

Naquele dia apenas três lebres voltavam conosco, a pelagem espessa camuflando a pouca carne que tinham.

- Ainda falta para o sol se pôr, por que não caçamos mais alguns animais? - Sugeri, observando o evidente desânimo de Nastacius, mas ele suspirou pesadamente e negou com um menear de cabeça.

- Quanto menos tempo fora de casa, melhor. Era para aqueles miseráveis terem vindo cobrar o pagamento do mês há dois dias. Já reservei uma quantia segura para não haver problemas, ainda assim, quero estar presente quando derem as caras. - Explicou ele, a atenção sempre direcionada para o caminho nevado à nossa frente.

Observei a bela floresta de árvores ressequidas e tonalizadas pela meiga e alaranjada luz do sol, pensativo. O meu futuro era como essa floresta: um solo incerto encoberto por uma brancura inviolável, deixando sua verdadeira forma um mistério indizível. Apenas o tempo trará o degelo que revelará o que se esconde debaixo do puro e vasto branco. Faria o possível para que a neve derretida não revele apenas ramos queimados e solos inférteis de uma floresta destruída pelas chamas, onde mais nada poderia voltar a crescer.

Infelizmente nem tudo acontece por boa vontade e trabalho duro. Às vezes, estamos à mercê da sorte e dos acasos, caprichos do destino.

Conforme nos aproximávamos do vilarejo, era possível ver se revelar gradativamente uma aglomeração de pessoas frente à fachada de alguma instância.

- O que está acontecendo? - Murmurei inquieto. Quando observo Anastacius de relance em busca de alguma pista, vejo seu rosto empalidecer terrivelmente, seus olhos vidrados de terror.

Diferente de mim, ele reconheceu de longe o local onde o tumulto se instalava.

Era a fachada da loja de armas.

Quando me dou conta, salto da carroça e disparo velozmente ao encontro da algazarra. O vozerio aumenta, exclamações apreensivas se manifestam, burburinhos confusos se esgueiram, e no meio disso tudo irrompe, incontido e dolente, um grito lamurioso, um choro inconsolável sobrepõe todas as outras vozes.

Vou abrindo espaço impacientemente entre as pessoas, e quase no mesmo instante que me livro da pressão sufocante de tantos corpos colados uns nos outros, sinto mãos trêmulas segurarem fortemente minhas vestes. Era Anne, lívida como uma folha de papel, um hematoma encimando seus olhos marejados.

O Vale Das Rosas AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora