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Giovanna Antonelli


Terminei o meu banho e fui à procura dos itens que precisaria para ficar apresentável. Para a minha surpresa, a segunda gaveta do armário era um estoque para as submissas do Alexandre. Havia de tudo ali: várias escovas de dente, secador,hidratantes, sabonete líquido com cheiro de flores, desodorante feminino e até uma caixa de absorventes!

Resmunguei trezentos palavrões e fechei a porcaria da gaveta. Decidi por usar a sua própria escova de dente, que jazia em um aparato de ferro perto da pia. Eu que não usaria aqueles itens de submissa. Só uma idiota faria aquilo.

Abri um dos armários e me enrolei em uma toalha. Havia algumas cor-de-rosa,mas acabei pegando uma preta, que provavelmente era dele e não das eventuais conquistas que dormem na sua casa.

Quando voltei ao quarto, quase morrendo de frio por causa do ar-condicionado, Alexandre estava escorado na mesa negra, colocando café em duas xícaras.

Ofereceu-me uma.

- Já está com açúcar.

Tudo bem que eu usava adoçante em vez de açúcar, só precisava do líquido mais precioso do mundo. Tomei com vontade, queimando a minha língua sem me importar e esquentando os meus sentidos.

- Você é mais idiota do que pensei. - Sentei-me em cima da mesa, visto que não tinha cadeiras por ali. Pelo menos não uma normal, e definitivamente não me sentaria naquelas cadeiras disformes feitas para amarrar alguma coitada desprovida de amor-próprio. - Aliás, não sei quem é mais idiota: você ou suas subs.

Alexandre suspirou e sorriu. Acho que começava a se importar menos com os meus xingamentos.

- Aquela gaveta é o retrato da estupidez feminina - continuei resmungando. - Nenhuma delas reclama por estar sendo tratada como mais uma da sua lista?

- Não - limitou-se a responder.

Bufei.

- Não me admira. Deve dormir com um monte de mulher mesquinha que é mais burra que uma porta.

- Não comece a falar das mulheres com quem transo, Giovanna, você agora é uma delas.

Quase cuspi o café na cara dele. Tossi um bocado antes de rebater:

- Meu QI acaba de perder muitos pontos só com essa frase.

Ele franziu a testa.

- O quê? Cuspindo no prato que comeu? Cadê a mulher que acabou de gozar loucamente no meu pau? - Pegou um dos pães que estavam em cima de um prato.

Só então reparei na presença deles, e acabei pegando um para mim também.

- Ela não parecia se sentir burra por estar comigo.

- Não... Ela se sentiu burra quando abriu aquela gaveta.

- Se o problema é a gaveta, ok, posso arrancá-la do banheiro e atirá-la pela varanda. Só pare de encher o meu saco, está bem? - disse com impaciência.

- Faça o que quiser. A gaveta é sua e das suas subs, eu não tenho nada a ver com isso.

Dei de ombros. Alexandre ficou encarando o horizonte enquanto comia, em pé mesmo, e tomava o café lentamente.

- O que vamos fazer? - perguntei.

- Conversar.

- Sobre?

- Você. Há muitas coisas que preciso saber. - Virou-se para me analisar.

- Tipo o quê?

- Quero saber por que não ligou para Catarina.

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