CAPÍTULO 04

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❄️❄️❄️

    Observei em silêncio o carro dos meus pais desaparecer pela estrada. Uma brisa fria bate no meu rosto enquanto sento na pequena escada que dá para o hall da casa, meus sapatos desgastados roçam a grama verdinha que a pouco tempo estava coberta de neve.

    — Hey.— uma voz cortou o silêncio repentinamente, me fazendo pular de susto. Procuro o dono da voz por toda a extensão do nosso quintal até a linha das árvores, encontrando Rhaví encostado tranquilamente em um pinheiro. Pelado novamente.

    — V-você... E-eu... EU VI VOCÊ ONTEM!! VOCÊ É... VOCÊ É U-UM...— Gaguejo, tentando encontrar as palavras certas. Parecia uma estupidez completar essa frase em voz alta, LOBISOMENS NÃO EXISTEM!!!

   — Desculpa. Você não deveria ter visto aquilo. — ele disse, descruzando os braços enquanto caminha até mim, seu olhar está meio angustiado, como se ele estivesse esperando que eu saísse correndo.

    — VOCÊ É O JACK!! — exclamei.

   — sim, eu...

    — E VOCÊ NÃO TEM ROUPAS, POR ACASO?! — interrompi, fazendo-o soltar uma risada alta, mas parece que ele não se incomoda nem um pouco em andar pelado por aí.

    — já que você me viu, eu vou te explicar tudo, okay? — disse ele,  então minha única reação é assentir com a cabeça freneticamente. Encaro seus rosto com atenção e percebo pela primeira vez que seus olhos não são mais de um azul sobrenatural.

     Agora estão castanhos. E ele continua lindo do mesmo jeito.

    — S-seus olhos... Eram azuis. — apontei para seu rosto para dar ênfase no que estou tentando dizer.

    — Eu sei. Ele ficam daquela cor quando estou como um lobo, parece que a transformação deles é um pouco mais lenta, fazendo com que eles continuem azuis por mais ou menos uns 20 minutos depois que eu me transformo, como você viu ontem. —ele explicou, me fazendo reviver as lembranças da noite anterior e... PORRA!! ELE ESTAVA FERIDO!!! COMO NÃO LEMBREI DISSO?!

     Olho para a lateral do seu abdômen e não encontro absolutamente nenhuma ferida ou cicatriz.

    — seu ferimento sarou. — constatei o óbvio, apontando inutilmente para ele como um otário.

    — Eu disse que curava rápido. — respondeu, me dando um pequeno sorriso. Reviro os olhos e tento não encará-lo.

    — você precisa me explicar um monte de coisas.

    — okay, eu...

   — mas antes você precisa vestir alguma coisa.— o cortei, levantando dos degraus e dando batidinhas na calça para tirar qualquer sujeira que tenha grudado nela.

     — vou te emprestar uma roupa.— expliquei, indo em direção a porta de casa. Ouço o som de passos, o que significa que ele está vindo atrás de mim. Resisto a vontade de olhar por cima dos ombros, para não encarar sua nudez e parecer um ainda mais estupefado com isso.

     Quando chegamos ao meu quarto, vou até o meu guarda-roupas e procuro algo que sirva para ele. Nenhuma calça jeans e camisa provavelmente irá servir, então pego uma calça folgada de moletom e um suéter grande. Também coloco na pilha de roupas uma cueca Boxer (uma que não usei, obviamente).

    — toma aqui.— fecho os olhos e estendo as roupas para ele assim que me viro em sua direção. Consigo sentir o calor emanando dele assim que ele pega as roupas.

    — obrigado. Posso tomar um banho no seu banheiro? — ele pergunta.

    — claro.— respondo. Então espero alguns segundos com os olhos fechados, abrindo-os apenas quando escuto a porta do banheiro sendo encostada.

QUANDO O INVERNO ACABAR Where stories live. Discover now