CAPÍTULO 07

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   Já passam das 10:00 horas quando nós vamos dormir. Rhaví é silencioso como um gato enquanto sobe as escadas ao meu lado, ao contrário de mim que tenho dois pés esquerdos e faço tanto barulho que é como se estivesse demolindo a escada.

   Há um quarto de hóspedes ao lado do meu, mas não falo isso para Rhaví quando sinalizo para que ele entre no meu quarto e digo que vou pegar um colchão. É errado querer que ele durma perto de mim?? Isso é meio psicótico?

   Em passos rápidos, vou até o quarto de hóspedes que está totalmente escuro. Depois de ligar as lâmpadas, caminho até a cama e tiro o colchão do lugar, antes de começar a arrastá-lo de forma desengonçada para fora do quarto.

   — Você estuda? — pergunto para ele assim que entro no meu quarto. Rhaví está analisando minha estante de livros, que fica ao lado da minha cama.

   — Eu terminei o ensino médio ano passado. Tenho 18 anos.

   — Você estudava na minha escola? — a nossa cidade tem apenas uma escola, já que o número de habitantes aqui não é muito motivador. Em cidades pequenas como a nossa, todo mundo conhece todo mundo, mas eu não lembro de ter visto Rhaví antes, e acredite, é impossível esquecer alguém como ele.

   — Eu estudei em casa, já que era impossível comparecer presencialmente na escola por alguns meses durante todos os anos.

   — Vocês moram aqui? — Eu coloco o colchão ao lado da cama e vou até o guarda roupas para pegar um edredom quentinho, sempre lançando um olhar por cima dos ombros para encarar as costas musculosas de Rhaví.

   — Joe tem um apartamento aqui na cidade e uma cabana no Alasca. Então a gente geralmente fica transitando entre as duas, sempre escolhendo onde é mais seguro para nós.

   — Alasca? — murmuro mais para mim mesmo. Apesar de estarmos perto da fronteira, eu nunca fui para o Alasca.

   — Sim, lá tem umas florestas lindas... — ele diz, com um sorriso tranquilo no rosto, enquanto provavelmente lembra do lugar.

   Eu coloco o cobertor e um travesseiro sobre o colchão, antes de me jogar sobre ele e me espreguiçar. Rhaví franze as sobrancelhas grossas para mim.

   — O que cê tá fazendo?

   — O que? Eu vou dormir aqui. Você dorme na cama. — digo, decidido.

   — M-mas eu...

   — Você é meu convidado, isso está fora de questão. — Corto-o. Ele abre a boca para protestar, mal sabendo que eu herdei o gene da minha mãe e posso ser muito marrento quando quero. Nós debatemos por uns cinco minutos, até ele finalmente desistir e caminhar até a cama.

   É estranho sentir prazer em ver ele se enrolar nos meus lençóis e usar meu travesseiro?? Por que eu gostei muito de ver isso.

   Desligo as luzes do quarto e volto a deitar no meu ninho de cobertores.

   — Boa noite, Igor.— ele sussurra para mim. Percebo que ele rolou até o limite da cama e agora está deitado praticamente do meu lado, com apenas um desnível de um metro de altura entre a gente.

   — Boa noite, Rhaví. — fecho os olhos, sentindo um estranho sentimento de satisfação. O sono me abate pouco tempo depois.

   Sonho comigo correndo ao lado de um lobo marrom em uma floresta congelada. Gargalhadas ecoam através das árvores enquanto corro cada vez mais rápido, desviando das tentativas de Jack me derrubar na neve. Depois de algum tempo, me desequilibro e caio de cara no chão, enchendo minha boca de neve.

   — Seu... Seu trapaceiro!! — Jack pula em cima de mim e começa a lamber meu rosto, tento empurra-lo para longe, mas isso só faz com que ele babe mais ainda.

   — I-isso é nojento!!— grito, antes que uma gargalhada alta escape do fundo da minha garganta devido as cócegas que sua língua molhada fazem no meu pescoço. Abraço-o com força e faço carinho atrás de sua orelhas, não querendo que isso acabe nunca.


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QUANDO O INVERNO ACABAR Where stories live. Discover now