[01] It can not be

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Duas semanas depois.

— Mãe? — a chamo assim que entro em casa.

— Oi meu amor estou aqui na cozinha. — sua voz saiu estranhamente arranhada, suspirei já imaginando o que poderia ter acontecido.

Olhei ao redor analisando à sala de estar, tinha algo muito estranho por aqui, estranhei ao não ver algumas decorações que adornavam à sala, estes que eram o xodó de minha mãe, assim como estranhei a falta da televisão no painel na parede. Minha antiga casa estava estranha, o ambiente estava com um ar ruim e tenso.

Com certeza aconteceu, de novo.

Recordações assombrosas tomou meu ser, por mais que não fossem tão distantes assim, vivências de meses atrás ao qual desejei esquecer, ainda me perseguem como uma sombra. A sensação latente e o peso sentindo na atmosfera, são causadoras de náuseas e lastimas, em um ambiente que em um dia, já foi um lugar de calmaria.

Esta casa já foi o meu lar, já tivera sua posição de recordações pueris, ações inocentemente doces, anos atrás, esse ambiente era recheado de risadas, aqui já tivera seu conforto caloroso, algum dia aqui já foi seguro, era feliz. No entanto, pode-se dizer que tornou-se um lugar hostil, mórbido, sem vida ou sensação de segurança, era gélida, tal como o inverno impiedoso que castigava à Coreia anualmente, entretanto, o frio do lado oposto da casa, não é o causador.

Não infelizmente.

Andei em passos temerosos até à cozinha, temendo o que poderia encontrar, o contato de meus pequenos pés com o chão gelado me causava certos arrepios, segurei firmemente as sacolas de compras como se minha vida dependesse disso, coloquei minha cabeça com cuidado entre o vão que dividia à cozinha da sala, analisando com cuidado cada perímetro do ambiente, reparando que também faltava algumas coisas.

— Mãe? O que aconteceu com a TV? — perguntei com cuidado colocando as coisas do supermercado na mesa.

Hum...— ela parecia pensar, respirei fundo já sabendo que ela me contaria alguma mentira: — ela quebrou, até tentei levar no concerto mas não tinha mais jeito — ela se vira para mim sutilmente, dando um sorriso estranho, voltando sua atenção à pia cortando algumas verduras — eu e Simon vamos comprar outra final de semana.

— Sei... — respondo desconfiado — aconteceu de novo, não é?

— O que aconteceu de novo? — se fez de desentendida, odeio quando ela faz isso.

— Mãe, está faltando coisas pela casa, não vai me dizer que também quebrou e a senhora foi levar para concertar, mas também não tinha mais jeito? — questionei sarcástico.

O que está insinuando, Jimin? — se vira totalmente para mim, observei as olheiras fundas abaixo de seus belos olhos azuis. Suspirei triste por toda essa situação.

— Você fala a mesma coisa toda vez que algo some aqui em casa, você sabe que eu posso te ajudar, mãe! — disse um pouco estressado.

— Não tem o que ajudar, Jimin, eu estou bem, acidentes acontecem, pare de colocar situações onde não tem, por favor — respondeu ríspida.

— E desde quando acidentes acontecem com tanta frequência assim? — a olhei sério.

— Park Jimin, já chega! Não aconteceu nada — suspirei derrotado, sabendo que seria a mesma coisa igual das outras vezes, eu não quero ter que discutir com minha mãe mais uma vez pelo mesmo assunto.

Comecei a guardar as compras que havia feito em silêncio, vi algumas garras assustadoras nas portas dos armários, deixando-me espantadiço. No canto das paredes, remanescentes do que um dia foram porcelanatos e utensílios de vidro, estavam em estilhaços empilhados uns sobre os outros.

Sweet BoyWhere stories live. Discover now