Capítulo XXVII

877 88 12
                                    

Ela não tinha o direito de fazer o que fez

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ela não tinha o direito de fazer o que fez. Era algo pessoal meu, não dela. Também não tinha o direito de ter feito aquilo do banho comigo. É claro que ela ia tomar o primeiro banho, mas fazer aquilo foi muita sacanagem. Ela sabe que eu sinto algo por ela e está brincando comigo. Tenho certeza. E agora quer tirar satisfação de eu não ter contado algo meu?

Eu estava nervoso. Com o que ela fez, disse e principalmente com o que Will me contou.

Meu irmão estava nascendo!

Dirigi a toda velocidade que o carro permitia. Buzinas e xingamentos soavam, mas eu não ligava. Era meu irmão! Chegamos no hospital e Lindsay acabava de falar com nossa treinadora.

— Cadê ela? — perguntei de Mimi assim que abracei Will.

— Ela está no quarto, o papai está com ela. Não me deixaram entrar. Oi, Lindy — ele cumprimentou e ela apenas retribuiu com um sorriso fraco e um aceno.

— O que aconteceu?

— Nós estávamos nos arrumando para ir à competição e a bolsa dela estourou.

— Certo, certo, certo... — Tentava raciocinar, mas não conseguia. — Eu vou... Lindsay, pode ficar com ele? — perguntei receoso. Sabia que ela estava brava comigo. Eu estava bravo com ela, triste.

— Uhum.

Perguntei à recepcionista em que quarto ela estava e segui em direção ao mesmo. Meu coração batia cada vez mais forte e minhas mãos suavam muito, do mesmo jeito que quando Will nasceu. Ela ainda não tinha entrado em trabalho de parto, estava deitada na maca e parecia tranquila.

— Oi — fechei a porta com o maior cuidado.

— Oi, filho — ela sorriu. Meu pai estava sentado ao lado dela, segurando sua mão. — Não se preocupe, nós estamos bem.

— Will disse que a bolsa estourou.

— Ah, não. Eu estava tomando água quando senti as contrações fortes e ele se confundiu. E, bom, você sabe como são seu pai e ele.

— Eu me preocupo com minha família — meu pai disse.

— Eu sei, meu amor — Mimi sorriu. — Pelo visto nosso pequeno Leo vem hoje — sorri.

— Anda, Dominick, desembucha. Por que está com essa cara? — Meu pai perguntou, ainda segurando a mão de Mimi.

— Eu só fiquei preocupado.

— Sim — meu velho estreitou os olhos. — Tem mais um motivo por trás disso. Fale.

— Lindy e eu brigamos. Não nossas briguinhas bestas, essa foi feia.

— O que houve? — Neguei com a cabeça.

— Deixa quieto, isso não importa agora.

Em um momento Mimi estava sorrindo compreensiva, no outro, ela fazia caretas e gritava de dor. Os enfermeiros e obstetra entraram no quarto correndo. Uma enfermeira me tirou de lá em meio aos meus protestos.

Will e Lindsay se aproximaram de mim e tudo o que fiz foi abraçar o meu irmão. A morena se afastou em direção à sala de espera. Os gritos ficaram mais altos e mandei Will ir ficar com ela.

Estava atordoado.

Em meio aos gritos, ouvi alguém dizer que o bebê estava sentado e enrolado no cordão umbilical. Se eu estava com medo, ele aumentou.

Já ouvi falar de casos assim, um deles poderia morrer, ou os dois.

Isso não podia acontecer. Não podia perdê-los. Não podia perder meu irmão que ainda nem nasceu. Não podia perder minha mãe.

Era isso que ela era. Minha mãe. Ela sempre foi e sempre vai ser minha mãe e eu não queria perdê-la.

Me encostei na parede gelada e me sentei no chão. Não conseguia respirar, lágrimas desciam pelo meu rosto e tudo o que eu conseguia pensar era na minha mãe e no meu irmão bebê.

— Dominick — sinto alguém tocar em meu rosto, me forçando a olhar quem quer que seja. — Dominick, sou eu. Olha pra mim — Lindsay pediu. Ela estava agachada no chão.

— Minha mãe... Meu irmão... Não podem...

— Ei, olha pra mim — foquei minha visão em seus lindos olhos castanhos que estavam embaçados pelas minhas lágrimas. Ela as limpou do meu rosto. — Respira comigo, tá bom? Você precisa respirar. Um, dois e três... — ela respirou fundo e tentei acompanhar. — isso. De novo — respiramos juntos por mais alguns minutos.

— É a minha mãe, Lindy. Meu irmão. Não posso perdê-los.

— E você não vai — ela ergueu meu rosto de novo. — Sei que sou a última pessoa que você queria que estivesse aqui agora, mas eu estou aqui com você, tá bom? — Assenti e ela me abraçou.

Deitei em seu peito e quando senti sua cabeça sobre a minha, chorei. Eram lágrimas guardadas há anos. Pelo abandono de Isabell, a mulher que me deu a vida. Por medo de falhar na patinação como naquele dia, medo de falhar com minha família. Medo de mais uma rejeição.

Medo.

Medo.

E medo.


Não sei quanto tempo se passou, mas eu ainda estava agarrado a Lindy, que passeava seus dedos pelo meu cabelo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Não sei quanto tempo se passou, mas eu ainda estava agarrado a Lindy, que passeava seus dedos pelo meu cabelo. Seu abraço era confortável, era bom, maravilhoso. Eu me sentia seguro ali. Como um passarinho. Não queria sair dali nunca.

— Filho — escutei a voz do meu pai e o encarei. Lindy se soltou de mim e nos levantamos. Queria sentir seus braços ao meu redor de novo. Meu pai sorriu. — Está tudo bem. Os dois estão bem.

Uma sensação de alívio e felicidade me atingiu. Abracei meu pai, como há muito tempo não fazia.

— Posso vê-los?

— Ainda, não, mas logo você e Will poderão conhecê- lo. Onde está Will? — Olhei ao redor sem saber responder.

— Ele está na sala de espera. Pediu para jogar algo no meu celular e eu deixei. Espero não ter problema, senhor Seraphim — Lindy disse.

— Oh, querida, não tem problema. Obrigado — ele sorriu e a abraçou. Ela olhou para mim sem saber o que fazer, mas logo o abraçou também. — Podemos conversar, filho?

Encontrei o olhar de Lindy e ela assentiu.

— Eu fico com, Will, pode ir.

Ela foi para um lado, seu vestido que usamos hoje dançando com o movimento. Pedi um minuto pro meu pai e fui até o carro. Peguei uma jaqueta que sempre deixo lá por preocupação e um moletom lilás. Entreguei o moletom a Lindy e a jaqueta ao meu irmão. Lindy sorriu com gentileza e eu retribuí o sorriso. Logo, fui ao encontro de meu pai.

So This Is -Love- HateOnde histórias criam vida. Descubra agora