Cruel Symphony of Desire • VEGASPETE

The realisation

Vegas não tinha a noção de a quanto tempo seus captores haviam deixado o cômodo. Ele se sentia tonto, a última sessão de tortura foi mais pesada do que as anteriores.

Não por seu corpo ter sofrido tantas pancadas a ponto de agora estar dormente e sim por as palavras que ele ouviu.

As frases ecoavam por sua mente repetidamente:

—Então esse era o novo alvo que o chefe precisou usar tanto tempo para enganar? —Um deles perguntou ao outro que estava ao seu lado.

Eles conversavam despretensiosamente, como se um deles não tivesse seu pé pisando com força na lateral da costela de Vegas fazendo com que até mesmo respirar fosse difícil.

—Ouvi dizer que chefe Pete até mesmo fingiu um relacionamento com ele. —Uma mão firme agarra o cabelo de Vegas sem cuidado algum o fazendo grunhir de dor e ser forçado a encarar um dos torturadores a sua frente, o homem sorri com escárnio e cospe em seu rosto. —Será que o chefe precisou dormir com ele? Deve ter sido difícil estar dividindo uma cama com alguém tão patético e nojento.

—Acho que foi por isso que ele nos mandou lidar com isso em seu lugar. Não consigo me lembrar de nem uma vez em que o chefe tenha pedido para torturarmos uma de suas vítimas. Pense como deve ser, se sentir cansado e enojado a ponto de não querer nem ao menos torturar sua vítima ele mesmo.

As palavras causaram uma dor em Vegas maior do que qualquer tortura poderia.

Ele foi tão inocente, acreditando que alguém como Pete poderia realmente ama-lo. Como se um verme como ele sequer seria digno de receber amor... Era tão óbvio que tudo era mentira, como ele pode não ter percebido?

Ele tenta se recordar de qualquer coisa que pudesse provar que tudo que eles viveram não foi real e só pode concluir que Pete era um ótimo ator. Se perguntava sobre como deve ter sido difícil para o outro passar as noites o abraçando, toca-lo como se realmente significasse alguma coisa. Até mesmo conforta-lo em momentos de insegurança.

Vegas se entregou a ele tão completamente e verdadeiramente que nem por um segundo achou que tudo poderia ser apenas um fingimento.

Era tão patético, se entregou de corpo e alma, deixou alguém entrar em sua mente a ponto de saber cada medo e insegurança. Ele deu a Pete a chave de seu coração e nem mesmo agora conseguia achar forças em si mesmo para tentar pedi-las de volta.

Vegas tinha ciência de que Pete em algum momento o deixaria, afinal em sua vida nada que é bom permanece por muito tempo. Acreditava que Pete um dia acordaria se dando conta de que estar ao seu lado era um desperdício de tempo e o deixaria para trás, mas nunca nem mesmo em seus piores momentos de insegurança ele pensou que tudo poderia ser apenas fingimento.

Sou asqueroso o suficiente a ponto de ele não querer nem ao menos me torturar por si mesmo...

Ele acabou remoendo as falas de seus torturadores, se aquilo foi apenas uma forma de entrarem na cabeça de Vegas e machucá-lo então que estejam orgulhosos de si mesmos, pois eles conseguiram.

Lágrimas inundaram os olhos de Vegas.

—Pobrezinho, ele realmente acreditou que o que eles tinham era real. —As gargalhadas ecoaram e Vegas já não estava mais presente em seu próprio corpo.

Era como se sua mente estivesse em outro lugar, a dor física mal podia ser sentida a esse ponto.

Em algum momento se entediaram com a falta de reação e o deixando alí, o mafioso já não tinha noção de quanto tempo se passou desde então.

Em algum momento a porta se abriu novamente, as lágrimas ainda não haviam parado de escorrer por seu rosto, sua visão estava embaçada tanto por elas quanto por a tontura que ele sentia após ser espancado e mantido sem comer por tanto tempo.