Tarde demais

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KINN



— Eu nunca tive nada e nunca pensei sobre isso, mas agora eu estou começando a pensar.

Fiquei encostado no parapeito da janela do meu escritório antes de acender o terceiro cigarro depois de voltar da universidade. Suspirei incessantemente. As palavras de Porsche se repetiam na minha cabeça como um CD arranhado. O evento que tinha acabado de acontecer me deixou atordoado até esse momento. Fiquei tão chocado que não sabia o que fazer depois de tudo aquilo.

— A vida do meu amigo agora está perdida por minha causa.

— Por que Pete? — Arm perguntou em um tom abafado.

— Eu quero me dar um tapa. Eu sou estúpido, tudo aconteceu por causa da minha estupidez. — Pete ficou parado, com a cabeça baixa parecendo exausto.

— Porra, Pete! Cala a boca! — Eu gritei com ele enquanto soprava a fumaça do meu cigarro. Eu sentia que tudo ao meu redor estava me incomodando e perturbando meus pensamentos.

— Como ele está? — Arm perguntou novamente silenciosamente.

— Porsche. Eu sinto muito. — Pete murmurou, chamando o nome daquela única pessoa que me fazia perder a sanidade.

É difícil acreditar que cada ação que ele toma afeta tanto a minha vida, especialmente meu estado mental.

— Me fala sobre ele, eu quero saber! — Arm perguntou para Pete mais uma vez e eu fiquei em silêncio. Abri a janela e meus olhos se estenderam para olhar para o horizonte.

— Foi há dois dias atrás que eu secretamente segui Khun Vegas. Eu vi ele com Porsche no shopping. Eles pareciam ter jantado e, quando terminaram, tirei uma foto para provocar Porsche, mas sem querer enviei para Khun Kinn. Ahh! Eu sou tão burro!

— Então por que você não apagou a mensagem ou cancelou o envio?

—  Eu não sei como.

— Ug, você é realmente estupido.

Ouvi meus dois subordinados falarem claramente. Não importava o quanto eles abaixassem a voz, eu ainda podia escutar eles. Foi tudo exatamente como Pete disse. Eu fiz com que ele seguisse Vegas e verificasse sua agenda diária em busca de atividades suspeitas. Mas o que eu consegui foi uma foto que me fez dirigir rápido até a casa de Tem. A cena de Vegas andando de moto enquanto Porsche estava atrás dele fez meu sangue ferver.

Eu estou tão confuso com as minhas emoções agora. Eu me sinto ferido.

Dói ver ele sorrir, ver eles rindo juntos. Além disso, quando ele agia intimamente e se aconchegava em Vegas daquele jeito, me causava tanta dor que eu não conseguia nem descrever em palavras. A visão me fez querer agarrar Porsche e o puxar de volta para os meus braços.

Mas o que aconteceu foi totalmente minha culpa. Eu escolhi me distanciar dele. Gastei tanto tempo comigo mesmo que esqueci de pensar em como Porsche se sentiria.

Que coisa estúpida de se fazer.

Eu estraguei tudo tentando encontrar respostas, mas esqueci o quanto ele se machucaria com as minhas ações. Se eu pudesse voltar no tempo, não deixaria ele triste ou chorando como hoje. Porsche já deve ter sofrido muito.

Eu não mereço ser perdoado.

Hoje, quando ele buscou por respostas e clareza de mim, eu não estava em meu juízo perfeito para responder. Fiquei tão surpreso com sua súbita explosão de emoções que fiquei atordoado e incapaz de abrir a boca para uma resposta, o que estragou tudo.

Não pude responder de imediato por causa dos pensamentos que passavam pela minha cabeça. Eu não suportava ver Porsche naquele estado. Além disso, confessar meus verdadeiros sentimentos não garantiria que ele não estaria naquele mesmo estado semanas ou meses depois.

KinnPorsche (Novel tradução em Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora