One night

23

Rafe Cameron
10:40

- Pra onde foi ontem a noite? - Ward perguntou sentado a minha frente no sofá da varanda

- Dar uma volta

- Você não se importa com nada - me alfinetou - Sai de madrugada como se não tivesse uma casa e um futuro negócio pra cuidar

- Eu me importo - respondi de cabeça baixa

- Não, não se importa

- Eu me importo - levantei a cabeça, agora aumentando o tom de voz - O que mais quer que eu faça?

- Quero que cuide dos negócios - gritou - Ou senão, Rafe, vai ir morar com os pogues e trabalhar em lanchonetes, é isso que você quer?

- Não - respondi engolindo seco

- Sai da minha frente, não quero olhar pra você - disse e eu levantei com raiva

Senti meu sangue fervendo e meu rosto começando a ficar vermelho, indicando que estava irritado.
Andei até a entrada da casa e vi Sarah escondida atrás da porta, ouvindo tudo

- Devia tomar cuidado quando sai - ela zombou

- Não enche - respondi continuando a andar

Peguei minha moto e fiz o que eu sabia que não deveria fazer: fui em direção á casa do Barry.

Entrei naquele lugar e o cheiro de álcool e maconha dava pra sentir a dois quarteirões dali.

- Ei Country Club - Barry gritou sentado no sofá, com uma cerveja na mão e do lado de duas garotas

- Oi Barry - falei e ele levantou, pedindo licença pras pessoas que estavam ali e me guiando até um quarto

Tirou da mochila dentro do guarda-roupa um saquinho com o pó branco e jogou na cama.

- Pensei que tinha parado - falou

- Muita coisa acontecendo - falei pegando da mão dele - Te devo quantos?

- 200

- Ai cara, posso pagar outro dia? - perguntei

- Qual é, sabe que comigo não tem essa de outro dia - falou tirando o saquinho da minha mão

- Eu deixo minha moto como garantia - falei

- Voce é bem burro - me entregou o saquinho e saiu do quarto, me deixando sozinho

Meu celular vibrou algumas vezes, brilhando a tela e mostrando o nome da Alissa nas notificações

11:01: Lis- Tô na sua casa com a Sarah
11:01: Lis- Vem pra cá

Visualizei e respirei fundo. Arrumei as carreiras de pó ali mesmo em uma mesinha de centro e sem pensar cheirei. Senti um alívio em poucos segundos e logo a sensação boa veio.

Vi meu celular vibrando e agora um número desconhecido brilhava nas notificações.

11:05: número desconhecido: Ei, é a Sophia
11:05 número desconhecido: Meus pais marcaram um almoço com seus pais hoje, te vejo já já 👀

Merda.

Liguei pro único que eu sabia que viria me buscar e sem muita demora ele chegou, com cara de julgamento pra aquele lugar

- Eai - cumprimentei ele entrando no carro

- Cara, que lugar sinistro - ele falou acelerando o carro e saindo dali - Você não vai acreditar

O encarei confuso por uns segundos e logo ele voltou a falar

- Alguém afundou meu barco ontem, o que meu pai me deu de aniversário

- Tá falando sério? - perguntei e ele fez que sim com a cabeça

- Puta merda - xinguei - Já sabe quem foi?

- Devem ter sido os pogues, vi o Pope ali perto ontem - o loiro falou mexendo a cabeça em negação

- E vai deixar por isso mesmo? - falei o encarando, esperando uma reação digna de vingança - Vai até o restaurante da Kiara

- O que? - perguntou

- Escuta o que eu tô falando - mandei e ele obedeceu, dando ré e indo pro restaurante dos Carreras

Será que Alissa tava envolvida nisso?

Pope estava andando até a entrada do restaurante e paralisou quando viu e o Topper parados ali na frente.

Esse idiota obviamente fez alguma coisa

Topper o encarou com raiva e eu apenas sorria sarcástico pra ele, o vendo correr pra entrar. medroso

Desci do carro, fui até a entrada do restaurante e encontrei Kiara no caixa. A garota revirou os olhos e saiu de trás da bancada quando me viu.

- O que tá fazendo aqui? - ela perguntou

- Isso aqui é um restaurante não é? - respondi olhando em volta

- Muito engraçado Rafe, mas eu tô falando sério

- Avisa seu amiguinho que eu sei que foi ele - falei me aproximando do seu ouvido

- Vai se fuder, não sei do que tá falando

- Não se faz de desentendida Kie, nós todos sabemos da verdade - disse passando as mãos no meu cabelo - E avisa também que isso não vai ficar barato

- Acabou seu discurso, vaca lambida? - perguntou com os mesmos olhos que sempre me encaravam do mesmo jeito: raivosos

Dei meia volta e sai do restaurante, vendo Pope encostado perto da janela e ri.

O ódio já subia por mim. E não era por nada, era pelos efeitos do pó.
A impulsividade e a vontade de vingar estavam em um nível descontrolado pelo meu corpo, me fazendo sentir que eu tinha o direito de fazer o que quisesse naquele momento.

- A gente não vai deixar assim, sabe disso né? - perguntei pro loiro ao meu lado

- O que você disse pra ela?

- Nada demais, mas eu tive uma ideia - falei e ele acelerou o carro

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