Capítulo 1.

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-Muito obrigado @veiga_wa por me ajudar a recuperar minha fanfic.
Dedico meus mais profundos agradecimentos a você.

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Duas crianças caminhavam de mãos dadas em uma praça no centro da cidade de Jericó, sob o calor escaldante do sol. A folhagem ao redor sussurrava suavemente, criando uma atmosfera tranquila de final de tarde. Ao longe, os grilos começavam a cantar, anunciando a chegada da chuva de verão. Era um momento aconchegante e sereno, como se o tempo estivesse suspenso, permitindo que se saboreasse o doce sabor da paz e o nostálgico aroma da infância.

Uma das crianças tinha uma aparência latina, com cabelos negros trançados de maneira desajeitada, e possuía olhos castanho escuro radiantes. Já a outra era o completo oposto, com pele clara como a neve, um leve rubor devido ao sol e olhos azul-marinho deslumbrantes. Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo que começava a se desfazer, evidência de um dia inteiro brincando de pique-pega. As duas garotinhas caminhavam calmamente, alheias aos sons ao redor que indicavam uma estranha sensação de estar sendo observadas. Talvez estivessem envoltas em seu próprio mundinho, onde apenas se ouvia o som de suas gargalhadas e sentiam o toque suave do vento em seus cabelos desgrenhados.

Não muito distante delas, em uma praça vazia, um homem de intenções malévolas e olhos que exalavam discórdia as observava. Sua pele acinzentada albina contrastava com seus olhos azuis brilhantes. Com aproximadamente quarenta anos, ele permanecia imóvel diante de seu carro negro, misteriosamente desprovido de placa. Vestido de maneira comum e discreta, não era possível notar o brilho maligno em seu olhar, nem suspeitar das atrocidades que estava prestes a cometer...

Coitadas das crianças! Se soubessem das verdadeiras intenções daquele homem, ficariam assombradas pelo resto de suas vidas, como aqueles que estão aprisionados em celas sombrias.

E então, Wednesday acordou.

Eram três horas da manhã, conforme indicava o relógio. O som incessante do relógio de parede, em forma de gato preto, pendurado acima da cama, provocava calafrios quando se combinava com o medo e o tremor terríveis que a acometiam ao acordar. Como sempre, aquele maldito sonho, pesadelo ou lembrança a assombrava. Pouco importava como chamá-lo; o fato era que, mais uma vez, ela acordava suada como um porco, com uma dor de cabeça latejante, como se alguém estivesse martelando sua mente a cada segundo.

Levantou-se da cama, tentando alcançar o banheiro em busca de seu conhecido "remedinho" que costumava ajudá-la nessas situações. Relutante, torceu a cabeça em negação quando seus pés tocaram o chão gélido, sentindo o frio da madrugada percorrer sua espinha. Evitou olhar para a sacada do quarto, cuja porta estava aberta, deixando o ar gelado invadir o ambiente.

Apesar de tudo, o medo persistia dentro dela, o medo de ser perseguida, de reviver tudo que testemunhou antes, de encontrar alguém específico, ou pior ainda, não encontrá-lo.

Ao entrar no banheiro, deparou-se com seu estado lamentável refletido no espelho: pálida, com olheiras e uma expressão assustada. Parecia mais um zumbi ambulante do que uma pessoa real. Quem visse a determinada Wednesday durante o dia jamais reconheceria aquela figura deplorável que agora encarava no espelho. Por mais que se identificasse com essa imagem deprimente, por que ela continuava negando a realidade?

-Onde diabos está o maldito cigarro?_ repetia para si mesma enquanto vasculhava a gaveta do banheiro em busca do maço. O desespero começava a tomar conta dela, temendo ter esquecido de "reabastecer" o estoque.

Ela precisava daquele cigarro, precisava acalmar-se, precisava... precisava dela.

Finalmente, o maldito maço de "Djarum Black Menta" foi encontrado. Por sorte, ainda restava um último cigarro. Ela voltou para a cama, desviando o olhar da sacada, e pegou o esqueiro na cômoda.

Eu ainda não esqueci - Wenclair AU Onde histórias criam vida. Descubra agora