Capítulo 4.

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Lentamente, Enid abriu os olhos, permitindo que seus sentidos se acostumassem à luz do ambiente. Ao observar ao redor, percebeu que não estava mais naquele lugar horrível e certamente não estava no carro do seu comprador, mas o nome dele escapava de sua memória.

O quarto era espaçoso, com poucos móveis, paredes brancas e uma cama extremamente confortável. Os cobertores vermelhos aconchegantes mantinham-na aquecida, e ela não ousou se mover para não perder o calor reconfortante. Ao olhar para si mesma, notou que não estava mais nua, mas sim vestida com um pijama vinho com pequenos morcegos espalhados pelo tecido.

Enid sentou-se, apoiando-se nas grades da cama. Além da escrivaninha ao lado, o quarto também possuía um guarda-roupa de madeira escura e uma porta aberta que dava para um banheiro. Uma janela com cortinas brancas, quase transparentes, estava aberta, permitindo que uma brisa agradável acariciasse seu rosto. A visão de um céu colorido indicava que era fim de tarde. Tudo ao seu redor era silencioso e reconfortante, minutos de paz que haviam desaparecido há muito tempo. Ela chorou, chorou silenciosamente, mas não de tristeza ou angústia. Chorou de felicidade, até que a dor em seu peito desaparecesse.

Enid não tinha ideia de quanto tempo havia se passado desde que acordara. Havia um relógio de ponteiros no quarto, mas ela não sabia como ler as horas nele. De repente, o som de uma maçaneta sendo girada ecoou, e a porta do quarto começou a se abrir, revelando uma mulher alta de pele albina e expressão séria. Ela trazia uma bandeja com uma grande variedade de alimentos cujos nomes Enid desconhecia. O olhar da mulher não era frio; transmitia uma sensação de paz. Quando seus olhares se encontraram, um sutil sorriso se formou em seu rosto, e ela se aproximou da cama.

- Boa tarde, querida. Meu nome é Yumi. É um prazer conhecê-la - cumprimentou a jovem com gentileza, sua voz transbordando serenidade.

- Oi... - Enid respondeu hesitante.

-Tenho certeza de que você tem muitas perguntas, não é? Não se preocupe, vamos responder todas elas.

-Onde estou?_perguntou com receio de estar cometendo algum erro.

-Estamos na cidade de Nevermore. Eu sou a esposa de Kenichi, o homem que foi buscá-la.

-Por que? Por que estou aqui?_ falou de forma embaralhada pela falta de costume.

-Kenichi trabalha no FBI, eles são como policiais, mas mais secretos, sabe? Ele tem lutado há muito tempo para prender Crackstone, mas as coisas estão complicadas_ explicou Yumi calmamente.

-Por que me compraram?

-Querida, há coisas que não têm uma explicação clara. Quando olhamos sua foto e descobrimos o que você estava carregando... sentimos que era a coisa certa a fazer_ Yumi sorriu timidamente.

- O que vai acontecer comigo?

-Bem... isso depende apenas de você, minha querida. Se desejar ficar conosco, ficaremos felizes em tê-la em nossa família. Mas se quiser encontrar sua família biológica, faremos o possível para ajudá-la.

"Minha família?... Não sei se quero vê-los. Talvez eles já tenham me esquecido. Só traria memórias ruins... Mas... e se estiverem me esperando? E se aquele homem me encontrar de novo?" Pensava Enid.

Enid sentiu uma mão acariciando seu rosto e percebeu que estava derramando lágrimas novamente.

-Não se preocupe com isso agora, querida_Yumi colocou a bandeja de comida com cuidado em seu colo._ Coma um pouco. Você tem todo o tempo do mundo para pensar. Agora você está segura.

A bandeja era generosa, repleta de panquecas, suco, sanduíche, cookies e chocolate quente. Enid nem se lembrava mais do gosto dessas comidas. Ela começou a comer sem pensar, sujando-se um pouco no processo.

Eu ainda não esqueci - Wenclair AU Where stories live. Discover now