➴ 46.

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Nós sempre fomos destinados a dizer adeus
mesmo sem punhos levantados
nunca teria dado certo
Nós nunca fomos destinados a lutar ou morrer

Eu não quis que nós queimássemos
eu não vim aqui para te machucar
mas agora eu não consigo parar

Eu quero que você saiba
que não importa onde tomamos essa estrada
alguém tem que partir
Então, já fui embora

Começou com um beijo perfeito
então, pudemos sentir o veneno entrando
a perfeição não conseguiu
manter esse amor vivo

E você sabe que eu te amo muito
eu te amo o suficiente
para te deixar ir

— Sleeping at last | Already gone

— Sleeping at last | Already gone

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Samira B.

Sinceramente, ter sentimentos é uma merda.

Sarah é o motivo dos meus problemas.
Demorei tempo demais até conseguir deixar toda minha vida antiga para trás. Senti falta dela todos os dias, chorava e tinha vontade de voltar até lá todos os dias, me perguntando como ela estava convivendo com aquele homem.

Sei que traumas podem mudar as pessoas, e sei o que Sarah fez com a mamãe, nunca a culpei, por mais que ela se culpe. Mas o que ela se tornou é, em uma palavra, pavoroso. Ele é péssimo com ela, maltrata, faz dela uma boneca de porcelana para alcançar seus próprios objetivos e manter uma imagem mentirosa, e mesmo assim, ela opta por querer agradar ele. Eu não entendo.

Deixei tudo isso para trás, essa vida já não era mais da minha conta. Até Sarah se envolver com a porra de um bandido que eu considero meu irmão. Ela não tinha o direito de voltar pra minha vida.

Posso a evitar, mas tenho outro problema.
Vitor é o problema.

Eu não consigo evitar a pontada de ciúmes que surge quando ele olha pra ela. Como se fosse um anjo que apareceu na sua vida. Uma paixão calma, saudável e sem complicações.
E de fato é isso que ela parece. Um anjo.

Não tenho esse olhar dele.

Quando todos saíram da mesa, não suportei a presença dele tão perto e não poder fazer nada, isso chega a ser desesperador de tão doloroso. Absolutamente tudo nele parece me chamar atenção, seu cheiro forte e masculino, a voz e principalmente a forma como me olha de canto jurando que não estou percebendo.

Só precisava de um pouco de ar que não estivesse poluído com toda sua essência infernal. Fui ao banheiro na intenção disso, mas para minha surpresa, assim que entrei e fiz menção de fechar a porta, alguém impediu do outro lado.

E sim, era ele.

— Quero falar com você — Fala, ainda do outro lado da porta, me impedindo de fechar.

— Não preciso que você venha bagunçar ainda mais minha cabeça, vai embora — Fecho os olhos com força — Por favor.

— Por favor, Samira.

Mesmo que minha mente grite que não, acabo amolecendo e solto a porta, ele entra e tranca rapidamente. Não me movo nem um centímetro, mesmo com sua aproximação, permaneço estática no mesmo lugar.

As mãos de Vitor tocam as minhas e sobem calmamente por meus braços, como um carinho. Suspiro ao sentir seu toque, quase uma tortura. Uma tortura boa e que senti muita, muita falta.

— Você não deveria estar aqui — sussurro — O que falou pro Zé?

— Kaique puxou um papinho besta com ele — ele sorri — Sinto sua falta.

— Você percebe o quanto tá sendo escroto? — Questiono, desacreditada — Você veio com a Júlia e agora tá aqui no banheiro comigo?

— E tu pode me culpar por isso? Porra, to tentando seguir a minha vida, to tentando pra caralho. Mas eu não consigo te esquecer nem fudendo, literalmente. Parece que tu jogou macumba pra mim, mulher — Se aproxima ainda mais, segurando meu queixo com força, me obrigando a olhar seus olhos — Não sou um filho da puta também, eu e Júlia já conversamos e ela sabe que isso é só um lance, nada mais.

— Não faz isso comigo, não podemos ficar juntos. Você não tem direito de ficar indo e voltando quando bem entender.

— Preciso de você — Pede, parece tão desesperado — Preciso de você e do meu filho, só isso. Não aguento mais.

Vitor me beija, não com urgência, mas um beijo calmo, como se quisesse que esse momento durasse para sempre. Envolvo meus braços ao redor de seu pescoço ficando na ponta dos pés e dou o espaço que ele necessita para sua língua entrar na minha boca.

Com uma facilidade enorme, me pega no colo e entrelaço minhas pernas em seu quadril, suas mãos ficam na minha bunda. Enquanto nossas línguas dançam e se movem de forma tão sincronizadas, como se realmente fôssemos o encaixe perfeito um do outro, meu coração bate tão acelerado dentro do peito que suspeito que a qualquer momento vai pular pra fora do meu peito.

Quando nos falta ar, Vitor separa minimamente nossos lábios, encostando nossas testas.

— Eu te amo — diz — Não esquece disso, nunca.

Fazia muito tempo que não escutava essas três palavrinhas, de qualquer pessoa. Muito tempo mesmo.

Meu corpo inteiro paralisa.

— Não precisa responder — volta a falar, e me dá um sorriso fraco — Preciso voltar pra lá antes que o filho da puta se dê conta.

Ele me coloca no chão. Mesmo que queira desesperadamente dizer que o amo, não consigo. Não consigo agora.

Suas mãos firmes seguram minha cabeça e me deixa um beijo demorado na testa, estamos sofrendo, sentimos o mesmo, isso é fato. Após longos segundos assim, ele se afasta e em silêncio, abre a porta e se vai.

Sinto sua falta imediatamente.

Mas é isso, estamos destinados a despedidas desde o dia que nos conhecemos. Cometemos um erro enorme que pode custar nossas vidas, Zé nos mataria se soubesse que fui capaz de o trair, de me apaixonar por alguém tão próximo dele, e faria muito pior se soubesse que meu filho não carrega seu DNA, e sim do Vitor.

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Do Outro Lado Do RJOnde histórias criam vida. Descubra agora