Capítulo | Parte 2

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Anahí jamais pensaria que Alfonso estivesse zombando dela, então isso queria dizer que...

— Você está querendo alguma coisa? — Ela olhou diretamente nos olhos dele. — Pode pedir logo de uma vez. Não precisa vir com esse papinho de "você fica tão bem com essa camiseta" para me amolecer. Sou grata a você por viver no melhor apartamento do Brooklyn e, além disso, nos conhecemos há uma eternidade, então pode pedir o que for que eu digo "sim".

Mais um privilégio de proprietário? — Ele levantou a gatinha delicadamente e a colocou no chão. — Você não devia ter me dito isso. Talvez eu queira evocar essa cláusula de nosso acordo.

Poncho estava flertando com ela?

Anahí ficou confusa.

Ela sempre soube em que pé sua relação com Alfonso estava, mas, de repente, se viu em território desconhecido. É claro que ele não estava flertando. Eles nunca flertavam. Ela sequer sabia como flertar. Sua especialidade — aperfeiçoada ao longo de uma década — era afastar os homens, não encorajá-los.
De qualquer forma, Alfonso nunca se interessaria por ela. Ela não era sofisticada ou vivida o bastante.
Anahí precisava dizer algo leve e engraçado para restaurar o clima, mas teve um branco.

Alfonso a observava sem se mexer:

— Foi um elogio, Annie . Você não precisa buscar armadilhas por trás das minhas palavras. Basta agradecer e vida que segue.

Um elogio?

Mas por quê? Ele nunca a elogiava.

— Essa camiseta tem uns cinco anos. Não é tão especial assim.

— Eu não disse que gosto da camiseta. Eu disse que gosto de como ela cai em você. Eu elogiei você, não o que está vestindo especificamente. E aquele vinho? — Alfonso mudou delicadamente de assunto e Anahí se virou para alcançar a garrafa, frustrada consigo mesma.

Por que precisava transformar essa situação em uma tempestade em copo d'água? Flertar é tão difícil assim? Dulce teria a resposta perfeita na ponta da língua. E Maite também. Ela era a única que não fazia ideia do que dizer ou fazer. Ela precisava comprar um manual. Como flertar? Como não fazer papel de besta perto de um homem?

— É um Montepulciano. Ou você prefere uma cerveja?

— Uma cerveja me parece ótimo.

Anahí se inclinou e pegou uma cerveja na geladeira, forçando-se a relaxar. Ela vai procurar "como flertar" na internet. Ela vai treinar algumas respostas para que isso nunca mais aconteça. Se por ventura um cara elogiá-la, ela pelo menos saberá como responder, em vez de responder como se cada comentário fosse um vírus de computador.

— Como foi seu dia?

— Já tive melhores. — Ele abriu a cerveja. — Trabalho demais, tempo de menos. Lembra daquele negócio que fechei há uns meses?

— Você fechou vários negócios, Poncho.

— Um terraço de cobertura no Upper East Side.

— Ah, sim, lembrei. — A conversa melhorou. Sã e salva. — Foi um negócio e tanto. Aconteceu algo com o plano?

— Não com o plano. Com ele está tudo bem. O que vai mal é que Victoria foi embora ontem.

Anahí e Victoria fizeram treinamento juntas no Jardim Botânico e fora Victoria quem recomendara Anahí a Alfonso.

— Ela não precisava dar um aviso prévio?

— Tecnicamente sim, mas a mãe dela ficou doente e eu lhe disse para esquecer o trabalho e voltar para casa.

Pôr do sol no Central ParkWhere stories live. Discover now