Kim Sunoo tem como animal de estimação uma Água-Viva imaginária, azul-mar, brilhosa, falante e eletrizante. O rapaz é de alma pura, bem moldada pelo tempo e olhos atenciosos com as estrelas, porém cabeça dura como uma pedra recheada de desconfianças...
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🪁
Às vezes, bem o tempo todo, Sunoo se acha estranho. Estar sentado no telhado de sua própria casa contando as estrelas em uma noite fria de inverno não e lá tão comum, faz dois graus nesse momento, mas seu amor pelo céu o faz esquecer de seus dedos brancos e bochechas doloridas. Além das constelações o fazendo companhia, há sua fiel amiga água-viva, pulante, falante, voando ao redor de sua cabeça sem parar.
Helga fala, fala, fala e fala sem parar um segundo sequer, mas Sunoo está acostumado com isso. A voz fina já não é mais enjoativa, soa familiar agora. Ela conta mais uma vez sobre tudo o que aprendeu no dia anterior, do que viu de belo e horrendo — um sapo gigante e verde andando sobre duas patas, vendendo seus filhos para as pessoas sem dó e nem piedade — também comentando sobre sua ida para outro mundo quando a mente de seu dono deixar de ser tão fantasiosa.
Ser parte de alguém que nem sequer completou seus dezoito anos é estranho, porque normalmente aparece para dar um choque de realidade nos sem noção, e Sunoo tem consciência de sobra. É surpreendente. Mas o Kim tem uma forma graciosa de ver o mundo e, por isso, Helga acha que pode aguentar um bom tempo a sua ansiedade antes de se encontrar com o mar mais uma vez, cheio de luzes brilhantes e músicas gostosas de se ouvir no pé do ouvido, que nem O Pato, de um cantor brasileiro chamado João Gilberto.
— Conto quase cem estrelas nesse céu... sem estrelas. Meus olhos estão cansados, Helga. — o menino fala, do mesmo jeito de sempre: calmamente, de voz aveludada, portanto, repleta de admiração.
Portador de alma pura, personalidade brilhante, meiga e que mostra paz, é formado Kim Sunoo. Comemora todos os seus verões de vida como se fosse o último. Forrado de amor às sobras, bem escondido como os seus dentes em uma caixa embaixo da cama, é esquecido. Tanto para oferecer e pessoa alguma para pescar seus sentimentos. Talvez porque, mais uma vez, ele seja estranho, tal como um pequeno E.T que o fez visita no hospital quando quebrou o braço após cair da árvore e estava anestesiado.
O ser, de cor rosa-bombom-morango, contou-lhe vir de um canto que todos conhecem, chamado Mente-Martez — mas Sunoo se questiona sempre que lembra se esse planeta existe ou fora apenas uma mentira boba para amenizar sua falta de lucidez — e que fazia viagens internacionais quando tinha folga do trabalho puxado. Era um limpador de poeiras cósmicas, ganhava uma mixaria de meteoros, fazia economias para suas aventuras e conversava com humanos quando o davam confiança.
Por vezes, quando tentou contar essa história engraçada, o chamaram de maluco. Oras bolas! Sunoo não é nem um pouco lelé da cuca. Por isso acredita que pessoas diferentes são as mais normais do mundo, que loucos, na verdade, são os que conseguem ver a verdadeira face da terra. Guardou com carinho esse pensar porque quem contou fora sua amada mãe — uma quase senhora de sorriso encantador e risada espalhafatosa, humor ácido, porém um amor de pessoa e uma graça só com suas roupas e combinações de estampa Flórida-Florida e Mesa-Xadrezista — sempre achou que ela estivesse certa. Estivesse, porque, infelizmente, teve de deixá-lo antes de sua quadragésima quinta primavera e antes que pudesse lhe contar mais verdades.
Pelo menos encontrou sua avó querida e seu avô chato, seja lá onde fora parar.
— Acha que devo entrar? — o Kim pergunta, vendo Helga parar frente a seu rosto, dando três pulinhos e respondendo um sim nem um pouco cansado.
Então ele assente, engatinhando cautelosamente para a janela de teto que há, voltando para sua caixa de sapato e se jogando na cama fofa que nem algodão-doce, enrolando-se no cobertor, pronto para se entregar ao doce e belo mundo dos sonhos, onde pretende dar continuidade ao último que teve — mesmo sabendo que não conseguirá.
É que amanhã ele têm aula bem cedo, tão cedo que nem o sol terá nascido ainda, lá pelas oito da manhã, e mais! Será conselheiro de um aluno novo, transferido e estrangeiro, precisa estar de bem com a própria vida — mais do que ele normalmente é — e pronto para aguentar seu novo companheiro por, pelo menos, os próximos três meses.
Não se incomoda, pelo contrário, até gosta. Conhecer pessoas novas e essências distintas o faz se sentir um pouco mais renovado — menos quando depois começam a fazer piadas por suas costas sobre suas esquisitices e deixam cartinhas de mau gosto em seu armário. É o tipo de aluno escolhido pelos coordenadores para essas coisas porque está sempre entre os dez melhores da escola, tirando notas altas e recebendo diplomas todo mês por isso, e também é mais simpático do que qualquer um dentro daquele lugar.
Sunoo não sabe muito sobre o outro por, justamente, ter de conhecê-lo. Coisas que procuram para ele é amizade, pois desde que entrou na escola estivera sozinho. Pessoas nunca ficam muito tempo em sua vida, chegam amigavelmente e saem brutalmente, sem mais, nem menos, tampouco metade. Por vezes pensou que o problema fosse ele, mas escutou de seu pai uma vez, no aniversário de casamento, onde encontrava-se sentado na mesa da cozinha com um pequeno bolo de morangos-tristonhos e uma garrafa de champanhe-amargurado, sozinho — ou, tão melancólico, acompanhado de lágrimas nos olhos outrora reluzentes — que, na verdade, o problema em questão, é o fato de não saberem lidar com alguém tão único como o pequeno Kim.
E assim como acreditou nas palavras de sua mãe, colocou fé nas de seu pai, porque ele também é sábio, e Sunoo, inocentemente; genuinamente, ceticamente, acredita nele.
Mas o rapaz têm Helga como companhia. Por que precisa de pessoas para arrancar-lhe gargalhadas ou trazer-lhe o sentimento de metad'achada? Embora acredite ser interessante e engraçado, memórias de uma juventude rápida e um futuro puxado para caso o amigo permaneça — porque, inevitavelmente, precisam crescer — está acostumado com a solitária-solitude. Carambolas! Existe coisa muito pior do que não ter amigos: a exclusão da sua fanfic favorita da vida.
Sunoo pelo menos lembra de ter tido uma. Lia em um aplicativo — falido — chamado Espírito Fanfic, quase como Espírito Santo — do pau oco, vale ressaltar. Se lembra bem... quer dizer, ele não lembra nem do que se tratava, esqueceu na biblioteca por não haver atualização frequente e quando lembrou dela, não existia mais. Simplesmente. O Kim lamentou por longas duas semanas.
E amigos? O que são mesmo?
🪼
Essa é a pequena introdução de MIJ:ADB, bem curta, bem leve, apenas para apresentar mais ou menos o entorno do Sunoo e um pouco da vida dele.
A história é bem maluquinha da cabeça assim como o Noono. Os capítulos serão meio curtos e a história, em si, leve.
Deixando claro que não tem previsão de atualização, então sem grandes esperas de minha pessoa, mas podem cobrar de vez em quando porque é sempre bom.
Pra quem não consegue imaginar, a Helga é assim:
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Espero que gostem dessa nova aventura que vos trago super-biper-mega animada.