Boku no Hero Academia: Uma Nova Versão

Capítulo Especial - O resgate

Sei que faz pouco tempo do último capítulo especial, mas como a Nana ganhou um, acho que todos os outros portadores também mereciam. Bem, naquele padrão de Capítulo Especial, ele é maior que os outros e não tem extra. Espero que gostem e se gostarem, não esqueçam de dar estrelinha!

----------------------------------------------------------

A primeira vez que minha individualidade despertou eu tinha 6 anos (sim, mais atrasado que outras crianças). Meus pais estavam no banco dianteiro, um vilão em fuga bateu na lateral do carro.

            Rodopiamos várias vezes até que batemos no guard rail da ponte e nosso carro capotou repetidamente no barranco. Quando paramos, eu estava pendurado de ponta cabeça pelo cinto, sangue quente escorria do meu pescoço, passando pela lateral do rosto e fazia um barulho irritante de gotejar na lataria superior do carro.

            Além disso, nenhum outro barulho.

            O silêncio era mortal.

            Chamei pelos meus pais, eles não respondiam. Gritei por ajuda até minha garganta coçar.

            Minha visão turvou-se e uma sensação fria percorreu por todo meu corpo. Uma fumaça roxa saia pelos meus poros, escapando pelas janelas quebradas do carro subindo aos céus na esperança que alguém nos visse.

            Ah, o quarto era uma mancha roxa. A princípio pensei que fosse as lágrimas escorrendo pelos meus olhos borrando tudo a minha frente. Mas era o efeito de não estar acostumada com a individualidade do sexto portador: En.

            E foi igual quando usei pela primeira vez os poderes de Nana.

            Chegou arregaçando a porta. As lembranças, a individualidade e principalmente, sentimentos que não eram meus: o medo gritante de morrer, a dor de ver os pais mortos.

            Tudo era transferido, as partes boas e as partes ruins.

            Mas desta vez seria forte, não confundiria minha existência com a de En. Éramos pessoas separadas.

            – Você é tão fantástica que chega a ser irritante, Midoriya. – Shinso colocou a mão na minha bochecha direita e usou o polegar para limpar as lágrimas. O cabelo dele era do mesmo tom da fumaça, assim, ele não passava de um borrão palidamente bege. Esfreguei os olhos, não melhorava. Duraria até de noite quando fossemos resgatar Kacchan? Eu precisava estar 100%.

            – Elogiar demais vai me deixar mal acostumada. – Sorri para ele. – Obrigada, Shinso. Agora... agora sei que terei chance de trazer Kacchan de volta.

            Seguiu-se um silêncio longo demais. A mão dele abaixou-se para meu colo e ele suspirou. Em seguida levantou-se para abrir a janela e a fumaça ir embora.

            – Você me contou como eram amigos de infância, inseparáveis, etc etc. Mas também me contou como ele te destratou nos últimos anos. – Como tinha se afastado, agora eu mal o enxergava, apenas um borrão contra o azul do céu, com a fumaça em volta se tornando a cada instante mais sutil conforme se dissipava. – E também entendo que você estaria preocupada com qualquer pessoa no lugar dele, porque é uma pessoa bondosa. Mas por que, de maneira geral, você se preocupa tanto com esse imbecil?

            Cerrei os punhos, fechando os olhos, minha vista daquela forma começava a me dar dor de cabeça.

            – Você não seria o primeiro a me chamar idiota – suspirei, a primeira pessoa que disse aquilo foi eu mesma, eu sabia como era tratada, apesar das pessoas acharem que eu era uma completa imbecil que aceitava toda a gritaria sem me questionar. – E com certeza não será o último. Ignorando esta preocupação desesperadora de tirá-lo das mãos dos vilões – engoli em seco – eu sempre tenho esperança que ele vai voltar a ser o que era. Claro, os palavrões, as gritarias sempre foram parte dele, o gênio estressadinho... mas comigo ele era gentil. O melhor amigo que alguém poderia ter... E não tenho uma única lembrança feliz da minha infância que ele não esteja. Acho que todo esse tempo que passamos junto vale no mínimo um pouco de espera. Por mais que seja bobo ter esperança, sei que um dia ele vai conseguir me perdoar.