Capítulo 25: A vila

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Os cavalos cavalgam lentamente após dias de cansaço acumulado. O pelo lustroso já acumulava pó, e o negro alazão, não tinha mais seu esplendor. As pedras do chão onde eles pisavam, se enterram deixando um rastro por onde passavam.

O cavaleiro do alazão negro, não notava o cansaço do animal, seus pensamentos o tiravam daquela situação levando-o para um lugar muito longe dali. Os anos que ele viveu, o perseguiam em um carma infinito definido pelas suas escolhas. E nisso, sua mente se fechava para o presente.

Talvez, se estivesse sozinho naquela jornada, aquele homem nada comeria, nem beberia por dias. Sua montaria viria a falecer, e a viagem teria sido em vão. Porém, sua companhia, um jovem que pouco sabia da vida fora de quatro paredes, o ajudava nesse aspecto.

— Vossa excelência, quando faremos nossa próxima parada? Os cavalos precisam descansar.

— Joah, quantas vezes eu te disse para não me chamar desse jeito?

— Ah, sim... força do hábito. Mas então, podemos parar agora?

— Mas nossa última parada foi a algumas horas atrás. — Disse o cavaleiro sem olhar para o outro.

— Tem certeza? — Disse esperando algo. Mas só recebeu o silêncio.

Os dois continuaram o caminho por um tempo. Até que o mais jovem se agitou por algo.

— Olha lá na frente, senhor! Parece que tem uma vila! — E nisso Joah acelerou sua montaria, disparando em direção ao que parecia a entrada de uma vila.

— Joah! Espera! — O outro falou, mas o rapaz já estava metros à frente.

A única coisa que o cavaleiro pode fazer, foi seguir seu irresponsável companheiro, que dias antes, tinha perdido toda a confiança dele por ter comido todas as provisões da semana inteira e uma noite enquanto chorava por sentir saudades de sua família. Assim, bateu no arreio, e o seguiu.

A rua de terra batida, logo deu lugar para uma fina camada de areia, adornada com pedras nas laterais. E logo o portal, onde Joah conversava com um guarda, apareceu. A cara do homem, que estava armado para proteger a vila, não parecia muito boa, e Joah tentava explicar algo para ele.

— Boa tarde, tem algo errado senhor? — Perguntou o cavaleiro se aproximando.

— Não Senhor. Apenas estou fazendo a revista desse jovem para que ele possa entrar em nossa vila.

— Nessas regiões estão acontecendo revistas?

— Sim, sim. Nós sabemos que pode ser um pouco incômodo para viajantes, mas são medidas adotadas devido a alguns incidentes.

— Que tipo de incidentes? — Perguntou Joah preocupado.

E nisso o guarda se calou, e o fuzilou com os olhos. O companheiro do jovem, que sabia lidar melhor com pessoas, desceu de seu cavalo, e se colocou entre os dois homens. Sua altura, que sobrepunha a dos dois cavalheiros, logo alarmou-os e fez o guarda recuar.

Seus olhos vermelhos penetraram na alma do outro, e o fizeram estremecer. Então, retirou uma placa de ouro de seu bolso do peito, e o entregou ao porteiro. A placa continha o selo imperial, que era o cartão de passagem dado diretamente pelo imperador a seus mais fiéis companheiros, para que estes pudessem andar livremente por suas terras.

Vendo o selo, o homem se encolheu em sua insignificância, e fez uma reverência ao senhor, devolvendo-lhe a placa dourada.

— Mil perdões, meu senhor! Podem passar.

— Certo, vamos Joah, vamos ver se há um estábulo para deixarmos nossos cavalos.

— Sim senhor!

A princesa e o Dragão: O retorno - Segundo LivroWhere stories live. Discover now