Chance certeira - Ferran Torres

XXIV

Ferran Torres:

Era agonizante ficar dentro daquela cela além do mais quando se era inocente, fiquei sabendo que a minha morena veio me ver mais eu não podia receber visitas.

Pelo menos eu tinha alguém do meu lado e sei que independente de tudo ela não vai me largar aqui sozinho, não sei porque mais eu sinto que o Pedri não me contou tudo.

A Carol parece muito tranquila e isso até chega a me espantar, conheço o temperamento da morena e sei que não aceita esse tipo de coisa de bom grado. Eu e a morena tivemos muitos altos e baixos, eu não acreditava mais em amor e ela sofria na sua família.

Acho que o fato de sofrermos tanto nos interligou e fez ambos corações amolecerem, na verdade o único coração duro era o meu.

Encaro o jornal que Pedri havia me dado horas atrás e vejo a falsa acusação contra mim, tinha até repórteres dizendo que eu me declarei culpado. Que ironia né? Quero todos recebendo processos, bando de mentirosos safados.

Suspiro vendo Jhon entrar.

- Seu pai não pôde vir. - diz. - Mas sua mãe está aqui.

- Mande ela ir pra merda.

-  Ferran, precisamos de todo apoio possível. - Jhon diz.

- Ela nunca me deu apoio, porque quer agora?

- Pessoas mudam Ferran.

- Ela levou a Sira pra minha casa depois que ela me traiu.

- Ela deve ter explicações.

- A claro, aposto que ela também tem explicação para quando tentou me mandar pra adoção. - sussurro sentindo as lágrimas descerem.

Pedri entra dentro da sala e vem até mim, ele parecia sério mas ao mesmo tempo menos tenso do que antes. Desde que me prenderam ele não largou do meu pé mesmo eu implorando pra ele ir descansar.

- Jhon chega desse assunto. - Pedri diz. - Diga que ele não quer vê-la mais que ela pode ficar aqui e dar o apoio de forma racional.

- Certo.

As mãos do meu amigo tocam meus ombros e me fazem encarar seus olhos intensos de afeto e irmandade, ele continua me olhando como se procurasse palavras para serem ditas.

- Queria beijar minha morena. - digo. - Queria proteger ela.

- E você já faz isso.

- Como Pedro? - sussurro. - Estou atrás das grades.

- Você é inocente amigo, vamos sair dessa.

- Porquê tudo é mais difícil pra mim? Que porra eu fiz pro universo?

- Você não acredita em universo.

- Então o que eu fiz pra Deus?

- Não murmure Ferran, você acredita mais que qualquer um no quanto Deus tem um propósito para cada coisa. - Pedri diz.

- Tem um versículo que liamos quando éramos mais jovens lembra... papai te obrigava a ir nas missas conosco.

- É claro que eu lembro, seu pai me obrigou a decorar. - ele ri. - Eclesiastes 3: a tempo para todo propósito abaixo do céu.