"Bullying, traumas e farsas são as realidades que Do Hyung-Ju, Kim Ye-Joon e Marcelo Souza conhecem desde que se lembram. Do Hyung-Ju, um garoto rico, mas recluso e desprezado por sua aparência acima do peso, enfrenta riscos devido a problemas famil...
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Do Hyung-Ju era um fardo.
Sua visão está turva, os borrões emergindo pelo cenário diante dele o impossibilitando de enxergar adequadamente o que está a sua frente comprovam isso de maneira vivída e seu braço está visualmente deformado, qualquer um poderia ver pela curvatura exagerada para a direita, além do roxo que destaca por sua pele amarelada por quase todo o antebraço, está terrivelmente quebrado. Ele saberia se fosse apenas um ferimento comum, mesmo sem conseguir ver o membro com clareza. Além de que não é o único ferimento presente. Pode sentir o gosto metálico do seu próprio sangue nublando o gosto do almoço que havia comido mais cedo, com a textura viscosa pesando em sua língua, a dor cogitando no meio de seu estômago após um soco ter sido desferido.
Tudo isso enquanto as risadas ecoam ao seu redor, preenchendo os seus ouvidos, ele se pergunta como tinha chegado a esse ponto.
— Cara... Você é um fracasso, é de propósito? — Jinwoon, o líder do pequeno grupo diz, rindo com as mãos cobrindo a barriga, como se não pudesse controlar a própria risada. O fato de que Jinwoon tinha fixado seus olhos negros nele desde que ele havia entrado pela porta mais cedo era algo que ele deveria levar mais a sério, afinal se mostravam tão intimidantes como os de um animal da floresta, observando de perto sua presa mais livre.
— Ainda não acredito que você bateu nele, o pai desse merdinha pode te processar. — Si-Woon, o integrante mais novo do grupo, afirmou enquanto tragava o cigarro com o mindinho e o anelar para cima, referindo-se ao pai de Hyung-Ju, um político influente na cidade, que provavelmente ignoraria os problemas do filho gordo e repulsivo.
A humilhação expande dolorosamente entre as batidas do seu coração, os dedos das suas mãos tremem, seus olhos incham, mas se mantém secos como se nada realmente estivesse acontecendo.
— Todo dinheiro do mundo não vai salvá-lo, não é mesmo, meu parceiro Do Hyung-Ju? — Jinwoon disse com indiferença, mostrando que não se importava de fato. — Quando você suceder seu pai, a gente volta a falar disso.
A sala de aula estava silenciosa — com exceção dos garotos —, quase vazia, e Hyung-Ju é o único caído no chão no meio do círculo formado pelos cinco integrantes do grupo de delinquentes. O sol do fim de tarde extingue pelas janelas, refletindo seu brilho pelas vidraças iluminando a pequena sala. Ele pôde ver seu celular totalmente quebrado no chão, que um deles havia pisado com força depois de tirá-lo de suas mãos. Ele tinha sido pego completamente desprevenido, no momento em que estava concentrado no jogo do smartphone.
