Capítulo 8: Tokito Twins

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Giyuu sentiu uma leve dor nas costas, estava tão cansado que acabou adormecendo na mesa do Detetive, acordando com o barulho alto do telefone. Tomioka olhou no relógio, era tarde da noite quando o telefone começou a tocar. Sanemi o atendeu, o Shinazugawa continuava a fazer perguntas na ligação, minimizando as páginas abertas em seu computador.

— Olha, eu não estou conseguindo te ouvir, continua na ligação que iremos localizar você pelo telefone. – Sanemi explicou, deixando o telefone fora do gancho.

Sanemi procurava o endereço através da ligação em seu computador, Giyuu colocou sua orelha próximo ao telefone, ouvindo o mais profundo silêncio, ao fundo uma respiração pesada indicando que havia alguém na linha, mas que não estava conseguindo falar. Poucos minutos depois Sanemi já obtinha o endereço da ligação, correndo para seu carro junto de Tomioka.

Sanemi avisou Murata que caso precisasse de ajuda era para o policial estar atendo ao telefone, havia uma grande chance de ser apenas um trote, mas algo dentro de Sanemi dizia que ele deveria ir até lá. O Shinazugawa se sentou no banco junto a Giyuu, andando rapidamente em direção ao endereço, milhares de pensamentos invadiam sua mente conforme Sanemi avançava sobre as ruas.

Havia uma chance, uma chance daquela ligação ser do próprio Nikuya, não era impossível e nem seria a primeira vez que um serial killer decidiu brincar com a polícia. Sanemi esperava pelo menos encontrar algo com aquela ligação, a velocidade diminuindo conforme ele chegava mais próximo do endereço indicado. Uma casa pequena e simples em um bairro afastado, a porta completamente aberta.

Tomioka sentiu um frio na espinha acompanhado pela brisa noturna, o moreno levantou o capuz vermelho para o rosto, andando junto a Sanemi para a casa. O Shinazugawa puxou a arma de seu coldre, andando na frente de Giyuu em direção a casa. Estava escuro, não havia nenhuma luz acessa do lado de dentro, nenhum barulho era ouvido. Alguns passos para a frente, o suficiente para que a luz da rua desse a Sanemi e Tomioka a visão do cadáver estirado no chão, não muito distante da entrada.

Um garoto, mais um garoto. O corpo completamente desmembrado, braços, pernas, mãos, pés e cabeça. Seus longos cabelos negros cobriam parte de seu rosto, o pijama azul que o garoto usava estava completamente encharcado pelo sangue. Tomioka se aproximou do corpo, ofegante e assustado, retirando parte das madeixas longas do rosto do garoto, revelando um dos olhos arrancados, olhos azuis claros como o céu da manhã.

Um toque, um pequeno toque foi o suficiente para que a mente de Giyuu fosse invadida pelas memórias do garoto no chão. Tokito Yuichirou, o garoto de onze anos que estava sozinho em casa esperando por seus pais. Não...Yuichirou não estava sozinho, havia outra pessoa ali, alguém idêntico a ele, Yuichirou tinha um irmão gêmeo. Os gêmeos esperavam pacientemente na sala, assistindo televisão ou brincando entre si, Yuichirou parecia um pouco superprotetor com seu irmão, o xingando todas as vezes que o garoto perguntava sobre os pais, dizendo para "Muichirou" calar a boca e prestar atenção no filme. As luzes da casa se apagam, um dos garotos grita assustado, Yuichirou vê a porta se abrindo, mandando o irmão gêmeo se esconder dentro de um armário. A criatura mascarada avança sobre o garoto, cobrindo sua boca enquanto a outra mão tenta tomar um de seus olhos, porém o garoto não deixou barato, segurando com força o braço de Nikuya o afastando de si. Uma pequena luta se intensifica, quando Nikuya finalmente consegue pegar o olho de Yuichirou para si, o garoto grita de dor, sendo derrubado por Nikuya no chão. Com a mão em sua boca, abafando os gritos de Yuichirou, Kiuya corta cada um de seus membros, manchando chão e sangue, até que o garoto morresse completamente.

Giyuu abriu seus olhos ofegante, seu coração batia tão rápido, mal conseguia falar enquanto Sanemi tentava o acalmar. O Tomioka então apontou para o armário no fim do corredor, Sanemi foi até o local com sua arma em mãos, abrindo a porta vagarosamente. Havia outro garoto, igual ao corpo no chão, segurando um telefone completamente estático pelo choque.

Memórias daquele dia - Sanemi × GiyuuWhere stories live. Discover now