cap46 Aquela voz

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Tudo aconteceu tao rápido que foi difícil de acreditar que de fato tenha acontecido,  segundos depois  sou agarrada pelos braços por Victor que me arrasta para fora do salão,  ainda olhei uma última vez para Nicolas estirado no chão e para seus aliados ajoelhados  com  arma sobre as cabeças   infelizmente ninguém me ajudaria,  sou colocada amarrada numa caminhonete e levada para longe .
Foram longas e exaustivas horas de viagem até que chegamos a uma cabana abandonada no meio do nada, Victor me amarra com força a uma cadeira.
____BEM Vinda a seu novo lar querida..
Ele logo se acomodou numa cama poeirenta e segundos depois podia ouvir seu ronco alto.
  As lágrimas que vinha segurando todo tempo  caíram em cascatas dos meus olhos e meu corpo foi assaltado por tremores, só agora eu estava tendo a oportunidade de chorar a morte de Nicolas, o meu amado nicolas tinha morrido por mim.
Queria poder gritar o mais alto possível e quebrar coisas talvez assim
esta dor que me rasgava até a alma desaparecesse ,era como se tivesse arrancando na bruta um pedaço de mim.
"Nicolas morto? nicolas Montenegro estava morto , daria tudo para que ele não tivesse entrado na minha frente, para mim trinta mil vezes preferível a morte do que esta dor que estou sentindo, não é simplesmente a dor da perda de uma pessoa querida o que sinto é como se tivesse sido cerrado metade de mim e que a parte que sobrou não tenha capacidade de seguir sozinha. 
Passei o restante da noite acordada, além de não ter sono também não tinha como dormir amarrada numa cadeira dura e amordaçada.
Quando despertou a primeira coisa que Victor fez foi tirar minha amordaça e  perguntar zombeteiro.
___dormiu bem querida?
Fiz uma Careta mordendo a língua para não mandar_ lo para os quintos dos infernos 
___ eu mesmo dormi como um anjinho,a tempo que não dormia tão bem. . ele diz..
___que bom para você. Digo desinteressada 
Ele calçou os sapatos e colocou a pistola de volta a cintura e pegando seu celular se dirigiu a sala fazendo uma ligação, apesar de fingir que não me interessava com o que ele fazia mantinha minha audição em alerta ,do quarto podia ouvir bem o que ele dizia: 
____ entao o desgraçado morreu mesmo?
__mais claro que sim chefe, o grande e orgulhoso nicolas Montenegro agora é defunto.
___menos mal Diegues me mantenha informado de tudo.. 
Tampei a boca me impedindo de gritar, não podia acreditar no que ouvia, uma parte mínima minha tinha esperança de que nicolas pudesse estar vivo mas agora isso havia ido por terra e outra parte minha sofria por saber que tinha um traidor infiltrado e que podia fazer mal a minha família.
Nisto Victor retornou para o quarto, havia um sorriso prepotente nos seus lábios
__eu sei que ouviu a ligação querida
Ele ficou me olhando nos olhos buscando alguma reação mas eu a custo me mantive impenetrável.
__o seu querido Nicolas finalmente está morto, engraçado né Amy que quando de fato eu quis matar_lo falhou e agora que nem inicialmente era minha idéia matar_lo eu consegui
Ele falava isso num tom casual de quem contava uma piada divertida ninguém diria que ele estava falando do assassinato do próprio irmão,a cada instante a mais que eu passava com este homen mais medo eu tinha definitivamente ele era um psicopata.
Meu estômago roncou de fome, não havia jantado ontem o máximo que tinha comido era uns croquetes na festa e eles não foram suficiente para mim e o pequeno Richard agora eu alimentava por dois, Victor revirou os olhos parecendo contrariado como se eu tivesse culpa por sentir fome 
Ele chamou o homen que tinha vindo dirigindo,e a luz do dia pude analisar_lo melhor era um senhor na casa dos cinquentas ele não me parecia ser um assassino frio ele tinha expressões serenas e tranquilas 
__sim senhor Victor
___vou precisar que você Sandro vá até a Cidade mais próxima e compre suprimentos para vários meses.
Cresci os olhos totalmente amendrontada me perguntando o que Victor queria dizer com "vários meses"
____quanto tempo pretende me manter aqui Victor? pergunto direta
___o tempo que eu quiser querida 
___voce não pode me manter aqui para sempre 
_quem disse que não posso , ninguém nunca te achará aqui neste fim mundo, podemos ser felizes nos três,eu você e o bebê
__você é louco nunca serei sua e você nunca substitituirá nicolas ele vivo ou morto sempre será o dono do meu corpo e do meu coração
Victor visivelmente descontrolado começou a me enforcar podia sentir o ar fugindo de mim minhas pernas bambas foi o velho motorista quem o fez parar, meu rosto estava vermelho e eu tossia muito assim que ele me soltou
__ não faz isso ou vai matar_la senhor
___quem pediu a porcaria de sua opinião Sandro vai fazer logo a merda que eu ordenei
Ele saiu dali quase correndo e eu me recuperando me deixei cair sentada na cadeira respirando e inspirando profundamente, tinha certeza absoluta que se Sandro não tivesse intervindo Victor teria me matado, soltei um lamento ao me dá conta que talvez a morte fosse o menor dos meus problemas, não sabia quais os planos daquele homem asqueroso mais provavelmente deveriam ser tão sujos como ele.
Sandro demorou demais a chegar e eu tive uma crise de tontura irritando ainda mais victor como se fosse possível e assim que Sandro estacionou nos terreiro da velha choupana isto foi lá para as noves da noite para quem saiu de manhã Victor abriu o porta mala tirando um pacote de bolacha de sal e uma garrafinha de água me entregando brusco .
___coma isto e vê se para de encher o saco
Não recusei estava tão faminta não sabia se ia conseguir aguenta mais tempo rasguei o saquinho e comecei a comer avidamente como se aquelas bolachas secas fossem um manjar dos deuses e enquanto isso via Victor trazendo para dentro de casa ao lado de Sandro vai inúmeras caixas com comidas enlatadas em conservas, aproveitando que Victor foi atender uma ligação Sandro abriu uma latinha de salsicha enlatada e me entregou pedindo para comer depressa eu assim fiz olhando grata para aquele homen que sem conhecer havia tido um gesto de bondade comigo 
Quando Victor retornou eu já tinha devorado as salsichas e Sandro tinha se livrado de lata ele olhou de mim para ele desconfiado.
____posso saber porque estão com essas caras?
___que cara chefe?
__de quem estão aprontando alguma..
___enloqueceu mesmo né Victor, a única cara que estou é de faminta aquelas bolachas horrorosas só serviram para atiçar meus vermes que agora parecem roer meu estômago inteiro 
Victor fez uma careta a minha descrição espalhafatosa mais felizmente acreditou e deixou de lado suas velhas desconfianças.
___está bem Amy já compreendi que está com fome vou esquentar uma das sopas enlatadas para jantarmos.
O cheirinho de sopa me fez salivar como um cãozinho , logo estávamos os três embolados naquela pequena choupana jantando, não sei se era porque eu estava com fome más a sopa me desceu macia como desceria um bom caviar .
Ao final da refeição Victor me levou de volta para o quarto me amarrando naquela cadeira dura ,minhas pernas e meu bumbum ainda estavam doloridos da noite passada , ele apenas teve o cuidado de jogar um grosseiro e poeirento cobertor sobre mim,agradeci mentalmente por isso pois hoje estava muito gelado,ao contrário da noite passada consegui adormecer um pouquinho despertando com os roncos de Victor que dormia a sono solto despreocupadamente me pergunto como alguém com tantas culpas como ele podia ter a consciência leve e dormir tranquilo?
Por acaso não tinha coração?
A resposta veio instantânea na minha cabeça, coração ele tinha sim porém um coração egoísta, mesquinho ele só pensava em si próprio e mais ninguém ele estando bem o resto pouco ou nada importava.
Ouvir passos pesados e instantes seguinte o cheiro gostoso de café invade o recinto descubro a cabeça notando que Victor ainda estava deitado logo só podia ser Sandro quem estava na cozinha, quis levantar da cadeira e ir até lá e sorver uma xícara cheia de café recém passado mas estava muito bem amarrada na cadeira logo soltei um suspiro triste me contentando em apenas sentir o cheiro.victor só foi mesmo levantar da cama as dez horas da manhã minha vontade de tomar o dito café já tinha até passado e como esperado ele me estava de péssimo humor ele me soltou e me puxou até a cozinha pequena onde me serviu o café, enquanto tomava o café e mordiscava um pedacinho de pão passeava o olhar pela velha cozinha notando que havia alguns itens antigos ali que denotava que ela já vinha sendo utilizada antes deduzi que aquele fosse o esconderijo de Victor desde sua primeira fuga .
Me pegando de surpresa Victor acariciou meu ventre perguntando:
___quantos meses?..
____quase nove ,
___Entao meu filho está perto de nascer..
Abrir a boca para dizer que ele não era o pai e sim Nicolas era mais me lembrei dele me afogando da última vez que confrontei então acabei me calando e ao olhar para Sandro encostado na janela vi por seu leve inclinado de cabeça que havia feito certo, melhor não provocar a fera.
___você conhece alguma parteira por aqui Sandro?
___tem uma a umas quatro horas daqui
___em breve teremos que chamar_la
___nao vai me levar para o hospital?
Tento parecer calma mas por dentro estava pirando 
___ para que? Deixa de frescura a parteira faz o mesmo que o médico ia fazer.
___mas victor e se der alguma complicação ? Sandro intervém
___amy não é diferente das outras mulheres muitas outras tiveram filho em casa e sobreviveram, está decidido e pronto
Notando meus olhos rasos de lágrimas ele foi logo avisando:
__nao chore porra minha cabeça está explodindo de dor..
Engoli o choro e fiquei ali sentada meu olhar perdido no tempo
A cada novo dia que passava maior começou ser a minha certeza que ia morrer ali, ninguém me acharia também com a morte de Nicolas não me restava ninguém que fosse fazer o impossível para me encontrar .
Victor nem ao menos falava de me soltar ao contrário ouvia ele fazendo planos com Sandro de comprar um berço, uma outra cama e muitos cobertores pois o inverno estava chegando e que aqui costumava gelar muito,de fato percebia que Victor pretendia mesmo viver comigo e como o bebê como se fossemos dele como se ele fosse nicolas ,a verdade é que isso me assustava sobremaneira..
Havia até arquitetado uma fuga mas mal comecei caminhar me cansei e retornei para casa, nove meses de gravidez não era brincadeira, minha barriga parecia uma melancia pronta para rachar ao meio, o menor esforço já me deixava cansada e sem fôlego, ultimamente vinha andando extremamente melancólica coisa que não passou despercebido a Victor que milagrosamente tinha estado menos brusco comigo
___o que foi em Amy? Está sentindo alguma coisa?
___estou bem....
___ não parece está muito pálida e triste. 
___ você sabe bem o motivo de minha tristeza
Ele fingiu não ouvir e levantando pegou na despensa abarrotada de comida uma caixa de bombom e me entregou.
__dizem que chocolate melhoram o mal humor. 
Olhei desconfiada para o bombom e ele sorriu de lado,me surpreendi há tanto tempo que eu só via o sorriso cinico dele que o sorriso verdadeiro parecia falso .
Por fim acabei comendo não um nem dois mais a caixa inteira de bom bom para divertimento de Victor.
___pedirei que Sandro encha a dispensa de bombom só para você....
___por que está sendo legal Victor?
Ele sorriu de novo e ao fitar seus olhos sentir medo havia um brilho louco ali,as vezes sentia que Victor já não estava mais no seu juízo perfeito.
___somos uma família amy, serei pai de um legítimo Montenegro é minha obrigação ser legal não acha?
___sim é... digo
A noite ele não me amarrou na cadeira me mandou deitar na cama com ele quando me recusei ele ficou louco quebrando tudo, no fim acabei deitando na bendita cama e ele deitando atrás me abraçando, tentei não verbalizar o saco que sentia com sua aproximação, agradeci ao céu minha gravidez de nove meses que de algum modo impediam seus avanços, não suportaria ser tocada por aquele homem.
Ao longo da noite apoiada no cotovelo olhava para Victor que dormia placidamente, tinha a oportunidade de matar_lo naquele momento e me libertar porém me faltava coragem, por duas vezes peguei sua pistola mirando para ele mas guardei a mesma outra vez, a verdade que diferente dele eu não era uma assassina fria eu não conseguia simplesmente matar um ser humano como se o mesmo fosse uma barata 
Acordando e me vendo encarando ele Victor pergunta:.
_por que me olha assim?.
___nao é nada Victor.
Ele tocou meu rosto com a palma da mão aberta e desceu por meus seios parando no meu ventre.
___tem sorte Amy querida que esteja quase dando a luz porque Senão iríamos brincar a noite toda ,seus gritos de prazer ecoando nas paredes dessa cabana velha.
Tentei não prestar atenção ao que ele dizia era melhor assim para nós dois, se ele soubesse como me causava nojo.
___quantas horas são Victor?
Ele tirou o celular do bolso e desbloqueou o mesmo olhando as horas para mim.
___uma e meia da manhã, hora de estar dormindo não é mesmo?
Vai dormir querida..
Ele colocou o celular no chão e virando de lado adormeceu e eu alerta saltei da cama levantando bastante os pés para não fazer barulho e pegando o celular enfiei no bolso e praticamente corri para o banheiro, sentada sobre a tampa do vaso disquei o numero de chloe
__alô quem é? 
___oi chloe sou eu Amy. 
____ Amy é você?.. 
A linha ficou muda por um instante e eu cogitei que houvesse caído mas então ela retornou e a voz que agora ouvir já não era mais a de chloe.
____amy meu amor é você?
Meu mundo foi ao chão quando ouvir esta voz pois era nada mais nada menos do que a voz de Nicolas Montenegro.

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