Biscoitos de limão

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Passaram-se semanas antes que ele estivesse estressado e entediado ao ponto de procurar por um entretenimento diferente do habitual.

Ele renuiu algumas informações antes de agendar uma reserva no estabelecimento. A ômega era uma rejeitada, do tipo que foi marcada e abandonada por quem a reivindicou inicialmente. Alguém que não podia ter outro alfa porque ainda estava ligada ao seu primeiro, mas que suportava esse fato como se o vínculo não existisse.

Ela era independente e poderosa, do tipo boa bastante para ser um destaque imenso naquilo que fazia. Não precisava de ninguém e gostava de brincar com que se acha superior.

Uma perspectiva cativante para alguém que se acha superior à tudo.

O restaurante em si já exalava seu olhar divergente desde o momento em que ele passou pela porta. Havia um aspecto de universo infinito em suas cores, móveis e música de fundo. Algo profundo, intenso, cativante e estranhamente muito confortável.

A recepcionista o levou até uma mesa isolada que lhe proporcionava uma visão geral do grande salão. Discreta o bastante para clientes importantes e negociações privadas.

O garçom que o atendeu anotou seu pedido de bebida, algo caro, frustrado e adocicado. Mas além disso lhe surpreendeu com uma oferta incomum. Perspectiva. Seu melhor chefe se prepunha a impressiona-lo com uma suposta excelente combinação para sua escolha.

Entendendo isso como um sinal de interesse por parte da ômega, ele concordou.

Não esperava muito, sinceramente.

O que lhe foi servido, no entanto, era digno do paladar de uma divindade. Havia a crocancia picante que lhe lembrava de dias quentes no verão, a cremosidade do conforto de um cobertor no inverno e a delicadeza sutil de um manhã de primavera.

...

Ele estava vendo estações do ano em um prato na qual nem mesmo sabia o que exatamente era a comida?

Sua língua estalou no céu da boca em uma desaprovação divertida. Gojo não se lembrava de quando uma sensação tão tola havia o tomado pela última vez.

Talvez considerasse voltar, independente de interesses carnais envolvidos ou não.

- Meus cumprimentos ao chefe. – Ele comentou casualmente quando seus talheres foram retirados, ao que a beta encarregada de tal tarefa apenas respondeu com um sorriso conhecedor.

O alfa estava começando a saborear a taça recém servida da garrafa bem escolhida quando sentiu aquele cheiro de limão e sol no ar. Muito menos escandaloso do que estava no corpo de Geto, muito mais certo vindo da fonte pura.

Ele se permitiu farejar em busca da ômega, vagando com seus olhos propositalmente expostos nos óculos escuros e deixando que seu próprio aroma se espalhasse.

O que ele viu não era exatamente o que esperava. A mulher em uma blusa vermelha elegante, calças sociais e salto alto não era o problema. Seu cabelo curto levemente cacheado ou maquiagem leve também não. Ela se portava como um alfa, assim como o combinado.

A expressão era a falha. Ômegas tendem a não demonstrar horror quando são alvos de sua atenção.

A tal Uyara segurava o próprio pescoço como se estivesse com dor, talvez seu alfa ainda fosse um incômodo quando ela estava diante de presenças superiores.

- Satoru? Porra...

A ômega puxou a gola da própria blusa, como se estivesse sufocando. A marca de reivindicação estava lá, roxa pulsante, de forma que parecia até uma ferida infeccionada.

Jujutsu Kaisen - InadequadaWhere stories live. Discover now