Capítulo 3

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Liz

A primeira coisa que fiz na manhã seguinte foi ir até o hospital quitar minha "dívida". Tirei um peso de cima dos ombros quando tudo se resolveu, minha mãe ia entrar na sala de cirurgia naquele mesmo dia. Lia mandou uma mensagem combinando em um restaurante perto do hospital, não sei se de propósito ou por coincidência.

Confesso que mal consegui pregar os olhos a noite, há todo momento me lembrava que minha mãe estava se despedindo de mim e a qualquer segundo, chegaria o momento de dizer adeus... definitivamente.

Eu não estava pronta para isso.

Nunca iria estar.

— Bom dia! — Um homem alto, de aparência mediante, me cumprimentou assim que coloquei meus pés na soleira da porta do restaurante. — A senhorita tem reserva?

Meu celular vibrou imediatamente.

Se passe, por mim!

O quê?

Olhei para dentro, e vi Lia sentada mais ao fundo, me encarando com um sorriso sínico no rosto, esperando que eu seguisse sua ordem com toda calma do mundo. Meu corpo todo tremia e o nervosismo foi transferindo para minha voz quando disse:

— Sim...Lia...Araújo... — Gaguejei.

— Só um minuto. — Ele olhou para tela do tablet procurando entre os nomes na lista. — Aqui está, sua convidada está à sua espera. Pode me acompanhar? — Maneei a cabeça em concordância, ele entrou no restaurante e o segui em silêncio. Ele parou em frente a Lia, que sorria amigavelmente, o homem gentil puxou a cadeira para mim.

— Obrigada. — Agradeci.

— Vou pedir para um garçom vir atendê-las. Com licença.

— Toda. — Sussurrei. Lia olhou para mim com expectativa. — Que foi?

— Como se sentiu?

— Añ?

— Como se sentiu, sendo eu?

— Estranha. — Me remexi na cadeira de forma desconfortável. — Não sei nem como consegui falar alguma coisa, é muito menos se consegui disfarçar meu incomodo. — Confessei.

— De longe, você parecia muito bem, só seu jeito de andar que precisa melhorar e suas roupas, definitivamente temos que mudar sua outfit! Eu jamais me vestiria assim. — Me senti constrangida com seu olhar. Eu sempre andei com roupas que cabiam em meu orçamento, não era nada sofisticado como o conjunto que ela vestia, que eu podia jurar ter visto na gucci pelo valor de um rim, mas eu me sentia bonita e sofisticada da minha maneira. Ou seja, comprando na Shein. Um garçom se aproximou com dois cardápios, entregando uma para cada. — Hum, gostaria de uma garrafa do seu melhor espumante e traga dois do prato do chefe.

— Poderia me trazer um copo d'água, por favor? — Senti o olhar recriminador de Lia em mim.

— Volto em um instante! — Ele disse.

— Você não bebe?

— Apenas socialmente, mas pretendo voltar para o hospital depois daqui, por acho melhor...

— Tudo bem, já entendi. — Me interrompeu. — Acho que quer ir embora logo, então vamos acabar com isso. — Ela pegou a pasta do outro da mesa e me entregou. — Essa é uma cópia do nosso contrato. Se quiser ler com calma e assinar depois, não tenho problema com isso. — Folheie as folhas, sem muita vontade ou animação. — Pedi para adicionar a sua exigência. — Olhei para ela. Pelo menos ela tinha palavra, assim como eu. — Há também uma data de início e fim da vigência deste contrato, podendo ser alterada para antes ou depois. — Explicou.

O Lar que eu Roubei | ** DEGUSTAÇÃO**Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz