Capítulo 7

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Liz

— Chegou o dia. — Lia me disse quando chegamos no aeroporto. — Sabe o que tem que fazer? — Perguntou.

— Sei! — Afirmei com a voz trêmula.

— Ótimo! — Ela disse, arrumando meu cabelo. — Ah! Já ia me esquecendo, aqui está minha carteira de motorista, para se identificar ou para caso queira usar o meu carro. — Ela disse, me estendo o documento. Peguei e guardei na bolsa.

— Voou 478, com destino a São Paulo, embarque pelo portão 9.

— Bom, acho que é o seu. — Ela disse. — Lembre-se, você é Lia Araújo, você pode tudo. — Sorriu. — Nos vemos daqui há um ano! — Disse — Boa sorte, você vai precisar! — Debochou. Apenas revirei os olhos e respondendo da mesma forma debochada que ela, disse:

— Você também, divirta-se. — Coloquei os óculos de sol e empurrei o carrinho com a bagagem para longe. No dia anterior, Lia já havia despachado as outras malas para mansão, assim evitando algumas suspeitas e para quando chegasse tudo já estivesse no seu devido lugar. Também enviamos uma mensagem para Murilo para avisar da troca de número, ele nem mesmo respondeu.

— Tenha uma boa viagem. — Aeromoça me saudou quando entrei no avião.

Sentei no meu lugar, me perguntando como eles deviam ser, quem eu encontraria naquela casa, Lia deu uma breve descrição da cada um, mas ainda não era o suficiente, mesmo que tivesse lido e relido tudo muitas vezes, talvez eles percebessem de primeira a nossa troca.

Que Deus me ajude!

O acento do meu lado estava vazio, por isso, consegui ficar a vontade durante toda a viagem, reli tudo outra e outra vez, até tudo estar gravado.

Brenda: A prima sem vergonha, cuja eu odeio.

Emanoel: Meu pai, ele faz todas as minhas vontades e nunca se casou novamente.

Não pude deixar de pensar que seria estranho ter um pai, nunca convive com o meu de fato, minha mãe nem falava dele, a única vez que perguntei sobre, ela desabou de chorar e presumi que ele devia ser um homem péssimo.

Antonieta: Uma senhora de idade avançada com problemas com álcool.

Murilo: Meu marido, um homem intenso e o workaholic.

Seria estranho também ter um marido, nunca tinha me imaginado casada antes, sempre tive que cuidar da minha mãe, por isso abdiquei boa parte da minha vida afetiva, tive um namorado ou outro, mas quando as coisas começavam a ficar mais seria, eu pulava fora por medo de deixar minha mãe sozinha ou do meu companheiro não entender as minhas escolhas.

Diferente da primeira vez que consegui até tirar um cochilo no voo, dessa vez nem consegui pregar os olhos de tão ansiosa que estava. Achei que estava treinada o suficiente para não me abalar, mas estava redondamente enganada.

Suspirei.

Murilo

Onde ela estava?

Por que Lia estava demorando tanto?

Bufei.

Odiava esperar, só estava aqui porque antes dela viajar havíamos brigado feio, não nos falamos além daquela mensagem idiota de ontem sobre a troca de número, como se nada tivesse acontecido. Estava aqui justamente para surpreendê-la e me desculpar também pela minha atitude.

Cruzei a pernas enquanto lia o jornal e olhei para o relógio em meu pulso outra vez, em menos de 5 minutos, eu amava Lia, mas detestava suas atitudes infantis quando era contrariada, isso era culpa de seu Emanoel, que sempre a mimava e nunca a impunha limite nenhum.

O Lar que eu Roubei | ** DEGUSTAÇÃO**Where stories live. Discover now