Capítulo 4

16 3 0
                                    


Janeiro de 2023

Liz

Os meses voaram desde a cirurgia e quando vi já estávamos no início de um novo ano, minha mãe estava se recuperando muito bem, confesso que surgiu uma esperança em mim que ela pudesse se salvar, mas elas logo se foram depois dos primeiros exames, os médicos tinham removido completamente o tumor mais algumas partes ainda estavam muito afetadas.

Para minha surpresa minha mãe não me questionou da onde consegui o dinheiro para cirurgia, o que me sustou um pouco, mas caso ela perguntasse eu já tinha bolado um plano, diria que o senhor Smith se ofereceu para pagar em trocar de descontar do meu salário ou algo do tipo.

Lia não me procurou, respeitando assim nosso contrato. Eu também não procurei mais nada sobre os Araújos na internet, tudo o que tivesse que saber sobre eles, perguntaria a própria Lia para que ela me disse quem era quem e como agir com cada um deles, era uma das exigências impostas no nosso acordo, assim evitaria vários problemas para minha cabeça.

O clima com o Doutor Carlos Daniel, para mim, foi o pior, ele não conseguia olhar na minha cara sem sentir envergonhado, minha mãe percebeu tudo e tive que contar a ela o que aconteceu, levei um tremendo de um sermão: "Você deveria dar uma chance para sua felicidade, desde que fiquei doente não te vi sair com ninguém, o doutor é um homem honesto e trabalhador." Nem preciso de dizer que revirei os olhos e neguei qualquer possibilidade entre nos dois, primeiro porque não me sentia atraída por ele, Carlos era um homem bonito, cheio de virtudes e qualidades de encantar qualquer mulher, mas eu preferia os homens com cara de mal, daqueles que podiam acabar com a sua vida, na verdade, acho que eu esperava alguém como o Damon Torrance da série Devil's nitgh de Penélope Douglas. Um tremendo filho da puta gotoso! Era esse tipo de homem que eu gostava.

Eu estava sentada na cama finalizando os últimos ajustes de um projeto, quando ouvi um exclamar de dor vindo do lado de fora:

— Oh não. — A voz vinha do único banheiro da casa, prontamente fiquei em pé e corri para porta.

— Mãe? — Chamei. — Está tudo bem? — Ela olhou para mim, seu rosto estava pálido, quase branco e uma gota de sangue começou a escorrer do seu nariz. — Mãe! — Gritei quando vi seus olhos fecharem e seu corpo amolecer, prontamente tentei amortecer sua queda para que ela não batesse a cabeça. — Mãe! — Chamei, mas uma vez batendo em seu rosto de leve, sua pele estava gelada e comecei a me desesperar. Não! não! não! Chequei seu pulso, estava fraco. — Socorro! — Gritei repetitivamente.

A partir dali tudo foi muito rápido, ouvi um vizinho entrar no meu apartamento enquanto segura minha mãe desacordada em meu colo, alguém gritou para chamar uma ambulância, nem sabia dizer quantas pessoas tinham se mobilizado com a situação, porque tudo que conseguia fazer era chorar e implorar para Deus não levá-la ainda.

Ambulância chegou em um tempo recorde, eles colocaram na maca, sua pulsação estava fraca, eu sabia disso, mas ainda havia alguma chance para salvá-la, no caminho para o hospital minha mãe teve duas parada cardíacas que por sorte os paramédicos conseguiram reanimá-la bem rápido. Em um momento de lucidez, minha mãe apertou minha mão, olhou em meus olhos e uma lagrima escorreu por seu rosto e logo voltou a dormir, ela estava se despedindo de mim.

Ainda não mãe, aguente firme, estamos chegando!

Carlos Daniel já estava esperando na porta da emergência quando chegamos, ele gritou ordens que não dava atenção, tudo o que conseguia me concentrar era na imagem da minha mãe sobre a maca, quase morta, é eu não podendo fazer nada para ajuda-lá.

— Liz, você não pode passar daqui. — Ele me disse, levaram minha mãe para um corredor. — Preciso que vai para recepção. — Carlos me disse.

O Lar que eu Roubei | ** DEGUSTAÇÃO**Where stories live. Discover now