Capítulo 8 - Dar em cima até do vento

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Bella

Mais ou menos duas horas depois, eu observei pela janela o Porsche negro da Lexa estacionando na frente do salão de festas e logo ela saiu do carro carregando uma mochila, sendo seguida pelo filho, ambos trajando roupas casuais esportivas, com os dois vestindo calça de moletom cinza puxada até a canela e uma camiseta preta básica, tênis também na cor preta e ambos também estavam usando óculos escuros.

Eles estavam muito bonitinhos vestindo roupas iguais, Universo!

Assim que eles entraram no ambiente, mesmo que estivessem com óculos, eu pude ver por suas expressões e linguagem corporal que nenhum dos dois parecia muito feliz em estar aqui, principalmente a Lexa.

— Antes de você começar a minha execução, eu posso fazer só uma observação pertinente, totalmente inocente e desprovida de segundas intenções? — o Caio questionou assim que eles se aproximaram de nós e ambos ficaram em silêncio, parecendo ser confirmação suficiente para o homem continuar. — Vocês dois estão muito fofinhos vestidos desse jeito. — Apesar da tensão, várias pessoas ao nosso redor assentiram em concordância.

Pelo visto, não foi só eu que achei isso.

— E então, amigo, eu não ganho nem um abraço do meu sobrinho favorito? — Caio continuou e o menino assentiu relutante indo até o moreno, que o pegou e o apertou em seus braços.

— Tio Caio, a mamãe falou que vai cortar os brinquedos do senhor e do tio Marcos pra vocês não se divertirem mais juntos. — O homem arregalou os olhos e se aproximou do fotógrafo ainda com o menino no colo.

— Eu te disse que ela ameaçou cortar partes importantes da minha anatomia. — Ele tentou sussurrar, mas nós ainda assim escutamos porque saiu meio gritado.

— E eu não estava brincando. — Finalmente a rouca voz da Lexa se fez presente no ambiente, fazendo meu coração acelerar levemente. — Agora Marcos, qual é o problema tão impossível assim de você resolver sozinho que teve que interromper o meu dia com o meu filho?

— O problema é que é tudo vermelho! — passou a mão pelo cabelo, talvez pela milésima vez hoje, parecendo exasperado.

Realmente...

A pessoa que decorou esse lugar pesou a mão na cor vermelha desde o teto, as paredes e até o piso que mesmo sendo de madeira, ainda era de um marrom muito forte que de certo modo lembrava um pouco a cor.

— Sim, eu percebi — ela respondeu ainda imperturbada.

— O casamento vai ser a noite e...

— E ao rebater a luz... — Ela tirou a mochila das costas enquanto falava. — A iluminação vai ser prejudicada.

— Sim e eu não costumo trabalhar com o flash direto nas pessoas. — Enquanto ele falava, a Lexa guardou os óculos, retirou uma câmera da mochila, conectou um flash e uma lente na câmera, conectou ela no notebook do Marcos com um cabo, e começou a tirar fotos do ambiente, tendo as imagens aparecendo em uma TV que eles ligaram mais cedo. — Na verdade, eu nem sei fazer fotos assim.

— E em quanto tá o ISO que você tá usando?

— 400. — A resposta do homem aparentemente era a resposta errada, já que a Lexa suspirou alto e baixou a câmera de seus olhos, para olhar para ele.

Honestamente, eu não entendia nada do que os dois estavam falando, parecia outra língua.

— Marcos, eu entendo que você já tem pelo menos uns dois anos de carreira e tudo o mais, mas você precisa perder esse medo do ISO.

— Esse não é o problema, Lexa...

— Esse é exatamente o problema, Marcos! — ela falou irritada, não o deixando continuar. — Você interrompeu o meu dia com o meu filho, me obrigou a dirigir duas horas pra esse lugar no meio do nada por causa de um problema que poderia ser facilmente resolvido se você tivesse distribuído alguns tripés de led por esse lugar e tivesse aumentado o maldito ISO! — Ela levou a câmera aos olhos novamente e voltou a fotografar antes de continuar. — Não importa se você precisar colocar em 2.500, 3.000, 5.000 ou ainda 8.000... Você aumenta o ISO. — A cada número que ia citando, ela tirava uma foto e alterava alguma coisa na câmera, com as imagens aparecendo na TV e mesmo eu não entendendo nada do assunto, percebi que as fotos pareciam ligeiramente diferentes a cada captura.

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora