Capítulo 35 - Espírito entediado de Shakespeare

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Bella

A cerimônia de casamento da minha melhor amiga foi perfeita.

Não tem outra palavra pra descrever.

Tudo aconteceu ao pôr do sol, na mesma fazenda em que a Lexa me trouxe para a nossa primeira vez juntas e eu me emocionei em vários momentos tanto pelas memórias que eu e ela fizemos nesse lugar tanto pela felicidade estampada na cara da Vero e do Miguel, que, aliás, foi o primeiro a começar a chorar, assim que viu a Vero caminhando em direção a ele com um buquê de flores lilás nas mãos.

Todos riram na hora dos votos quando a Vero disse que se ela não tivesse pedido ele em casamento, os dois estariam namorando até a volta de Jesus e o Miguel concordou com ela depois de relutar um pouco ainda lutando contra as lágrimas que insistiam em cair durante a cerimônia inteira.

O timing deles foi perfeito, porque assim que o sol alcançou a linha do horizonte a cerimonialista declarou os dois recém-casados e os dois se beijaram tendo como plano de fundo todo aquele cenário de tirar o fôlego.

Depois do ensaio obrigatório dos noivos com a família, madrinhas, padrinhos e o casal sozinho, a festa foi finalmente liberada no cair da noite e depois de algumas horas aqui estou eu, sentada no bar observando a Lexa de longe interagindo com a família dela, enquanto penso em tudo que a gente poderia ter sido se eu não tivesse ferrado tudo.

Eu não podia deixar de ressaltar que ver a Lexa de smoking e salto alto fez alguma coisa comigo. Ela riu quando se aproximou de mim no início da cerimônia a poucos segundos da nossa entrada e viu a minha expressão antes de me estender o braço para caminharmos juntas.

— Acho que o meu look tá aprovado, né? — ela disse baixinho e eu não consegui fazer o meu cérebro voltar a funcionar normalmente para dar uma resposta a ela, só fazendo ela rir mais antes de controlar sua expressão por ser a nossa vez de entrar.

E era claro que eu não fui a única que notou o quanto ela tava deslumbrante, tanto que desde que a festa começou, eu já perdi a conta de quantos olhares mal disfarçados ela vinha recebendo tanto de homens como mulheres. Mas eu só podia engolir meu ciúme a seco e me conformar que perdi minha chance...

— Você pode me dar um suco de laranja, por favor? — Fui tirada dos meus devaneios pela Aurora, parando ao meu lado e se dirigindo ao barman atrás de mim. — Oi, Bella. Você se importa se eu me sentar aqui? — Ela indicou o banco ao lado do que eu estava sentada.

— Oi, Aurora. De maneira alguma. Vá em frente. — Ela sorriu e se sentou ao meu lado ao mesmo tempo que o barman colocou o suco que ela pediu na sua frente. — Também veio descansar um pouco de toda aquela loucura? — Apontei com o queixo para a pista de dança lotada e ela assentiu.

— Sim, toda essa agitação não combina muito com uma mulher grávida. — Eu olhei pra ela surpresa e ela sorriu antes de dar um gole no suco.

— Você? — Apontei para sua barriga e ela assentiu ainda sorrindo genuína, e mais uma vez suas fofas covinhas atraíram a minha atenção. — Nossa, meus parabéns.

— Obrigada.

— A Lexa sabe? — Ela franziu o cenho, mas assentiu mesmo assim. — Eu tenho que me lembrar de parabenizar ela também, depois.

— E por que você parabenizaria a Lexa?

Espera...

— Vocês não estão juntas?

— Não — ela respondeu ainda mais confusa. — Por que você pensaria uma coisa dessas?

— Eu sei lá, vocês chegaram juntas dos Estados Unidos, parecem tão próximas e todo mundo além de mim, parecem estar tão familiarizados com você que eu assumi...

Galáxias AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora