Capítulo 12 - Toma cuidado com essa mulher

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Lexa

Já fazia quase 4 meses que estava morando nesse país e honestamente, minha vida se transformou em um verdadeiro inferno.

As memórias que tinha desse lugar me assombravam a cada passo que dava e quanto mais eu tentava esquecer, mais eu pensava em tudo o que aconteceu e como minhas ações influenciaram toda aquela desgraça... Nem o papai, o Luís, a Luíza ou a Sara, que eram os únicos além de mim que sabiam o que aconteceu, falavam sobre isso e eu não poderia ser mais grata a eles.

— Maria, por favor, não faz isso comigo, não faz...

O único momento que conseguia silenciar esses pensamentos era quando ficava olhando para as estrelas e minha mente era tomada por outras memórias felizes e nostálgicas da minha vida, memórias de uma época em que viver não era tão complicado quanto a vida adulta provou ser.

Além de tudo o mais, eu ainda voltei a ter crises de ansiedade, algo que pensei ter conseguido administrar há mais de cinco anos, e agora eu tinha terapia duas vezes na semana e pela primeira vez na vida estava tendo que tomar remédios para lidar com isso.

Mas apesar de tudo o que estava acontecendo, ter conhecido a Bella nesse meio tempo foi algo bom e positivo.

Apesar do fato de que era muito recente, eu sentia uma atração além do desejo por sexo casual, mesmo admitindo que ela tinha um corpo maravilhoso e que eu já me peguei divagando em diversos momentos como seria tocá-lo e adorá-lo com todo o deleite que ele merecia. Quando eu olhava naquelas galáxias azuis lindas, eu via que a alma dela carregava uma profundidade e mistério tão intrínsecos que eu nunca encontrei antes, me fazendo sentir atraída por ela em um nível emocional.

E eu acreditava que ela gostava de mim também.

Quer dizer...

Em várias ocasiões, apesar de suas tentativas falhas de se manter desapercebida, eu a notei me observando de longe enquanto eu estava no Roni's e sempre que conversamos, tudo nela desde sua linguagem corporal a seus olhos expressivos, demostrou tanto interesse em mim e na minha vida que me fez suspeitar que ela queria mais do que a minha amizade.

Mas isso também poderia ser só minha mente fantasiando, já que ela parecia nunca ter ficado com uma mulher e meu gaydar não pegar nada dela além de seu aparente interesse pela minha vida...

Acabei de chegar em casa depois do almoço que tive com ela e a amiga dela, que por sinal, tive a impressão que passou todo o tempo em que estivemos juntas mais interessada na melhor amiga e sua reação a mim do que na conversa em si, mesmo que ela tentasse brincar e deixar o clima descontraído.

Fui trazida de volta a realidade pelo meu irmão se jogando ao meu lado no sofá, me assustando igual o inferno no processo.

Eu nem sabia que ele tinha chegado.

— Irmãzinha, onde será que anda essa sua imaginação, hein? — ele questionou ao ligar a TV e abrir a Netflix. — Se fosse um ladrão teria roubado todo o apartamento e você nem teria notado.

— Eu estou começando a me arrepender de te dar a chave da minha casa porque você passa mais tempo aqui do que no seu apartamento.

— E?

— E eu te dei a chave pro caso de uma emergência.

— Mas era uma emergência — refutou de imediato e eu arqueei uma sobrancelha esperando sua explicação. — Eu estava quase entrando em coma com o tédio que estava sentido! — eu balancei a cabeça negativamente e fechei os olhos, enquanto deitava no sofá.

— Tua cara nem treme, né?

— Não. — Eu estava com um comentário espirituoso pronto para rebater quando minha atenção foi desviada para o som da TV que interrompeu na sala e eu gemi audivelmente quando percebi do que se tratava.

Galáxias AzuisWhere stories live. Discover now