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Sophia.

Com certeza os espectadores acham as corridas da Fórmula 1 um pouco estressantes, principalmente aqueles torcedores fanáticos.

Bem, se é estressante para um espectador, para alguém que trabalha com isso é vinte vezes pior... e para uma pessoa que fica no pit wall é cinquenta vezes mais agonizante.

Minhas mãos estavam tremendo e minha escrita estava o próprio garrancho, eu não sei mais se consigo entender minha própria letra. E para ajudar, o Brasil ainda tem o mesmo clima do inferno. Literalmente choveu de manhã, por que caralhos estava tão quente e abafado?!

Suor escorria pela minha testa enquanto eu olhava para as inúmeras telas em minha frente. Minha cabeça estava começando a doer.

Todas as estratégias possíveis estavam organizadas e estava tudo correndo bem. Charles estava em quarto após ter que escalar o grid por conta de uma sprint não muito agradável no sábado.

Tudo corria bem até que Lando Norris tocou no piloto 16 e fez o carro Ferrari rodar numa manobra tirada diretamente do cu dele.

MAS QUE DIABOS! – exclamei, indignação correndo pelas minhas veias. — QUE FILHO DA PUTA! O QUE ELE PENSA QUE 'TÁ' FAZENDO?! ESSE ARROMBADO NÃO SABE DIRIGIR EM LINHA RETA?! QUE ANIMAL DO CARALHO!

Leclerc estava no muro, todos no pit wall estavam sem palavras e o pânico foi consumindo o pequeno espaço.

Acabou, pensei. Se o Verstappen ganhar essa é praticamente campeão. Não vamos conseguir pontos o suficiente para alcançar ele em Abu Dhabi.

— O carro está bem! – Xavi avisou, de repente. — Ele vai voltar.

Só um milagre para acontecer agora. Charles não conseguiria ganhar a corrida, não. E Verstappen provavelmente vai se aproveitar disso mais do que nunca.

— Há algum dano? Precisa trocar alguma coisa? – perguntei, já me preparando para trocar a estratégia para Leclerc. Estava tudo bem com Carlos, ele estava em P3 e se aproximando de Hamilton.

— A asa dianteira está danificada, provavelmente vamos ter que parar ele em breve.

Um suspiro escapou de minha boca. — Diga para ele parar na próxima volta. Vamos aproveitar para trocar os pneus para duros.

As sobrancelhas escuras de Xavi quase se uniram em uma só com a franzida de seu cenho.

— Eriksen, vamos perder muito...

— Diga. Para. Ele. Vir. Na. Próxima. Volta. Agora – o tom da minha voz era baixo, quase como uma ameaça. — Eu sei o que estou fazendo, muito obrigada.

Me virei para Riccardo Adami, engenheiro de corrida de Sainz.

— Diga para Carlos atacar sem medo. Obviamente, não fazer nenhuma loucura, mas ele tem que ter mais coragem que isso. A estratégia dele continua a mesma se ele manter a posição, mas se passar, vamos parar mais cedo.

— Hannah vai querer parar mais tarde, eles estão mais rápidos, Eriksen.

— Foda-se ela e a Red Bull, pode todo mundo se enfiar um no cu do outro que eu não vou ligar. Agora é hora de ir 'pra' cima ou o campeonato acabou de ir embora.

  Pousei minha cabeça nos meus antebraços na "mesa" do pit wall.

— Vontade de chorar e morrer – murmurei.

Estamos completamente fodidos. As Mercedes não vão segurar o Max nem se rezarmos dez ave Maria, Carlos não vai conseguir segurar o holandês, não sozinho, pelo menos. E se Charles alcançar um P4 já vai ser um milagre de Natal.

Paper rings • Charles Leclerc Where stories live. Discover now