56.

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Sophia.

Eu estava juntando com Jannik arrumando minha mudança. Estávamos em um silêncio pacífico exceto por Måneskin estar tocando no fundo.

Eu estava colocando minhas camisas de time e outras milhares de roupas esportivas em uma caixa quando meu amigo se aproximou com uma expressão séria estampará no rosto.

— Sophia, nós devíamos conversar – foi o que ele disse.

Eu assenti, rindo.

— Sim, eu concordo. Eu acho que devia te devolver a camisa do Milan que você me deu, já que na Itália eu prefiro a Inter...

— É sério.

O sorriso desapareceu do meu rosto.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntei.

O ruivo engoliu em seco, seus olhos verdes evitando os meus.

— Eu não consigo mais ser seu amigo. Não só isso, pelo menos.

Juro que meu coração parou de bater por um momento. O que ele estava querendo dizer com isso? O que estava acontecendo?

— O que.. o que mudou? – as palavras saíram da minha boca sem eu notar.

— Essa é a questão. Nada. Nada mudou e esse é o problema – o maior riu sem qualquer resquício de humor. — Eu te amo desde quando éramos apenas crianças, Sophia. Eu namorei pelo menos mais dez mulheres e nunca deixei de pensar em você por um único momento. E saber que você não pensava em mim do mesmo jeito dói de mil maneiras diferentes.

Eu engasguei. O diabos ele queria que eu fizesse?

Senti algo dentro de mim quebrar. Acabei de perder um amigo. Um o qual conheço há mais de 10 anos. Um o qual passei tanta coisa com. E agora eu não passaria mais por nada junto com ele, não riria de suas péssimas tentativas de piadas e sequer zombaria de seu hábito de comer tantas cenouras.

— Bem, o que você quer eu faça? Eu namoro e eu amo ele – foi o que eu disse.

— Eu queria que você soubesse... – deu de ombros. — que eu sempre tive isso comigo.

— Se você teve isso, por que não me contou antes?

Jannik me olhou. Seus olhos dançavam entre minhas feições com um sentimento ilegível.

— Eu deixei bem claro tudo isso antes.

— Quando?

— Sempre. Desde que eu te conheci – ele murmurou. — Mas você estava preocupada com outras coisas e não percebeu.

Absurdo. Isso estava ficando absurdo.

— Você por acaso sabe o que eu passava em casa? – sibilei, minha raiva crescente.

— Sim, eu sei, sabe por quê? Porque eu estava lá por você. Mas acho que você nunca esteve lá por mim e eu entendo isso.

— Oh, bem! Se você tivesse um pai psicótico como o meu você certamente não ligaria para mais nada além de torneios, carreira, estudos e questões familiares. Eu não tinha ninguém para confiar de verdade, nem mesmo meu irmão.

Ele franziu o nariz como se aquelas palavras tivessem o queimado. — Eu sempre estive aqui! Eu sempre perguntava se você estava bem, eu sempre me importei com você, porque eu não só te admirava, eu te amava!

— Repito: se você sempre me amou, por que só me falou isso agora? Literalmente passamos anos sem nos falar, pelo amor de Deus!

— Você se afastou! Você se mudou para a Espanha e depois da primeira semana lá só nos encontrava nos torneios, mas sequer conversava conosco. Nos falávamos no máximo quando algum de nós se mandava uma mensagem de feliz aniversário. Esse ano, mesmo quando eu tive minha maior conquista, sequer recebi um parabéns vindo de você.

Paper rings • Charles Leclerc Where stories live. Discover now