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NOAH U.

A.Soares:
Estou chegando!


Faz vinte minutos que você disse que estava chegando.


A.Soares:
Agora estou chegando de verdade.


Antes você estava mentindo?


A.Soares:
Sim. Está chocado? *.*



Apareça em cinco minutos ou vamos partir sem você.


A.Soares:
Estou cogitando não viajar com o doutor ao meu lado. Prefiro a classe econômica de um Boeing.

Quatro minutos.

Ela visualizou a última mensagem, mas não respondeu. Tornei a guardar meu celular no bolso e caminhei de um lado para o outro ao lado do meu jatinho enquanto meus dois seguranças, o piloto e o copiloto olhavam para mim como se me perguntassem silenciosamente se eu ia mesmo ficar esperando pacientemente por aquela mulher. A verdade era que ela era um dos motivos de eu estar tendo cabeça para ir até esse evento.

Antes que eu pareça melodramático, não estou dizendo que a companhia de Any é crucial ou tão importante para mim, mas sim, eu vinha tendo uma espécie de afeição por ela nos últimos dias. Ela era autêntica, excêntrica, falante e engraçada. Ela será o meu alívio cômico essa semana, alguém que me fará esquecer que o meu pai estará por lá tentando puxar o meu tapete. Não que essa fosse a intenção principal dele, mas ele queria que eu saísse do meu cargo de qualquer maneira.

Eu disse para a Any que era quase uma obrigatoriedade ir acompanhado a esses eventos, mas não era bem assim. Sim, a maioria dos empresários levavam suas esposas ou namoradas, mas alguns também iam sozinhos ou com um grupo de amigos. Eu mesmo fui sozinho a essas viagens algumas vezes. A questão agora era realmente ter alguma companhia mais leve para tirar o estresse do trabalho. Any era perfeita para isso, pois era a única funcionária que não era nada formal comigo. O que era estranho era que se ela fosse qualquer outra pessoa eu já teria a demitido por ser tão audaciosa, mas não consigo sequer cogitar em fazer isso com ela. Apesar de ser desastrada, ela era eficiente e mesmo sendo respondona me fazia rir.

Até guardei o vídeo da câmera do meu escritório onde ela me imitava exageradamente. Eu ri muito assistindo aquilo e talvez pudesse usá-lo no futuro para importuna-la.

Um carro – provavelmente um Uber – parou não muito longe da pista de pouso. Vi Any descer do carro e acenar para o motorista de maneira gentil. Ela trazia apenas uma mochila, já que eu havia garantido que não precisaria de nenhuma de suas roupas em Washington porque eu comprei coisas novas para ela. Ela não se vestia mal, mas não tinha nada que fosse condizente com esse tipo de evento.

Any abriu um largo sorriso e apressou o passo na minha direção. Cruzei os braços e mantive o semblante sério para que ela ficasse ciente de que seria repreendida pelo atraso.

— Céus! — ela gritou, me ignorando e olhando para o jatinho boquiaberta. — Eu nunca andei em um jatinho.

— Ainda prefere a classe econômica de um Boeing?

— Eu posso aguentar o sacrifício de ficar ao seu lado por algumas horas. — foi sarcástica. — A gente entra por aqui? — foi andando na minha frente. — Oi, gente, bom dia! — cumprimentou os outros com animação enquanto subia os degraus para dentro do jatinho.

Esqueci da reclamação que pensei em fazer pelo horário. Ignorei isso e apenas entrei também, sentando em uma das poltronas do lado oposto de onde ela havia se sentado.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora