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NOAH U.

Any havia voltado a ser legal comigo mesmo depois de eu estranhamente tê-la ignorado – ato que eu podia jurar não ter sido proposital – e ido atrás de Vanessa durante uma conturbada semana onde eu do nada decidi que queria reaver a minha antiga relação. Quando aquilo acabou, eu fiquei com essa sensação de que não vivi os últimos dias e não tomei minhas próprias decisões. Vanessa relatou estar sentindo o mesmo, como se tivesse ligado o piloto automático em sua mente.

Não posso chamar a conversa que tivemos de término. Como eu disse, aquilo durou uma semana e não fizemos nada além de passar tempo juntos e nos beijarmos sem passar para os próximos níveis. O pior de toda essa história foi a forma como eu deixei a Any de lado e nem sequer lhe dei satisfações. Mais estranho que isso era só o fato de ela ter lidado super bem e ter aceitado as minhas desculpas com facilidade, mostrando não estar com nenhum rancor de mim.

Resolvi aproveitar a bondade dela e parei de me martirizar. Estávamos convivendo muito bem, mas nada ia muito além disso. Any não me dava brecha nenhuma. Eu a chamei para sair, fiz inúmeros convites e tentei flertar a elogiando sobre qualquer coisa que me chamasse a atenção, mas nada surtia efeito e ela só desconversava. Me fez pensar que talvez ela não estivesse mais tão interessada assim, isso explicaria o porquê de ela ter reagindo tão bem quando eu pedi perdão por ter ido atrás da Vanessa.

Eu parecia a droga de um adolescente. Passava a maior parte do dia pensando nela e chorava sempre que dizia para mim mesmo que ela não estava nem aí para mim. Nunca chorei tanto – creio que nem quando era um bebê – como estava chorando naquela semana. Na frente dela, eu era só sorrisos, mas sozinho em casa eu olhava as fotos que tiramos juntos e me derramava em lágrimas.

Thor era o único que estava ali para me confortar e também o único que podia ver aqueles meus momentos de fraqueza. E como se sentisse cada dor minha, ele estava sempre perto. Eu sabia que ele sentia falta da Any também e já estava na hora de ela fazer uma visita para ele.

— Por favor, Any. Ele sente sua falta. — pedi enquanto falava com ela por ligação. — Cinco minutos e eu deixo você ir embora.

— Você deixa? — riu. — Não é como se você controlasse meus horários, doutor Urrea. Não sou mais sua assistente. — foi sarcástica.

— Pelo Thor, por favor! — pedi mais uma vez.

Ela fez uma pausa do outro lado, provavelmente para pensar.

— Tudo bem. Pelo Thor. Mas só vou ficar aí por uns dez minutos, eu preciso ir até a praia.

— À noite? — estranhei.

— Sim.

— Com quem? — a pergunta saiu no automático, não pensei sobre se aquilo seria invasivo.

— Sozinha. Eu quero ficar comigo mesma por algumas horas, poder curtir a mim mesma, sabe?

— Sei bem. — sorri. — É ótimo poder curtir você.

— Nossa, Noah! — deu risada. — Chego aí em poucos minutos.

Pouco tempo depois a campainha da minha casa tocou. Fui abrir a porta e assim que a vi quase perdi o fôlego. Ela estava usando um vestido amarelo soltinho, tinha os cabelos presos em uma trança na lateral e estava sem nenhuma maquiagem, com todas as marquinhas do seu rosto aparecendo.

— Oi. — abri um sorriso bobo.

— Oi! — antes de entrar, ela beijou minha bochecha. — Onde ele está? Eu trouxe biscoitos.

Soltei um assobio alto e então Thor veio correndo dos fundos e pulou sobre Any, abanando o rabo e tentando lambê-la. Ela riu e se abaixou o suficiente para beija-lo no topo da cabeça. Da bolsa que trazia, ela tirou um pacote de biscoitos caninos e alimentou Thor com alguns.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora