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ANY G.

Eu queria que Noah tivesse boas lembranças de mim depois que eu fosse embora. Agora que decidi flechar a Vanessa não há mais motivos para tentar afastá-lo. Vanessa iria reacender sua chama e Noah se lembraria do que o fez amá-la um dia. Eu reencarnaria e nada sobre essa vida seria um problema, pois eu não me lembraria de como havia sido.

Nós passamos a manhã juntos e ele foi muito respeitoso ao notar que eu não estava aceitando nenhuma de suas investidas. Ao invés de flertar, agimos como dois amigos e nada mais. Foi até divertido, preciso admitir. Assistimos dois filmes e comemos o que sobrou do meu bolo de aniversário, já que a maior parte foi para o lixo após ser atingida pelo meu sangue.

Faltavam alguns minutos para o meio dia quando eu o acompanhei até a porta.

— Obrigada por me fazer companhia. — eu disse.

— Obrigado por me deixar ficar. — sorriu. — Se precisar de qualquer coisa, ou se acontecer qualquer coisa, me liga.

— Pode deixar. — assenti.

Ele ficou parado como se pensasse sobre algo e eu deduzi que ele desejava me abraçar. Tomei a iniciativa de me aproximar de braços abertos e ele me recebeu no mesmo instante, confortando-me em seus braços em um abraço carinhoso e longo. Antes de se afastar, ele deixou um beijo em minha testa.

— Você está fazendo isso com frequência. — comentei sobre o beijo.

— Acho que é automático.

— Me sinto protegida quando você faz isso.

— Então eu vou continuar. — ele segurou minha nuca, me puxou para perto e beijou minha testa outra vez. — Até depois, Any.

— Até.

Voltei para o meu apartamento e fui até a minha bolsa onde havia guardado o presente que Noah me deu. Eu estava curiosa sobre aquilo, mas tinha medo de abrir e acabar amolecendo com o que quer que estivesse lá dentro. Deixei a caixinha intacta e a guardei novamente.

[•••]

Era domingo e a confraternização da empresa estava acontecendo. Por algum motivo que eu não entendi, os funcionários votaram por uma noite acampando em uma clareira. Ficava em um bosque dentro da cidade e ninguém pretendia realmente passar a noite ali. Iríamos apenas beber, comer churrasco e olhar as estrelas. Parecia romântico para quem tinha um par, mas para quem estava ali só por obrigação profissional era só uma noite de mordidas de insetos.

Vanessa estava lá também pois eu fiz questão de convida-la. Ela ainda estava com a ideia de se aproximar de mim e eu resolvi unir o útil ao agradável. Poderia flecha-la naquela noite. Bom, isso seria mais fácil se Noah não dedicasse toda a sua atenção apenas para mim. Era como se as outras pessoas fossem irrelevantes e talvez fossem mesmo.

Estávamos sentados em um tronco perto da fogueira e eu o observava enquanto ele olhava para o céu e apontava para as estrelas, dizendo o nome das constelações. Eu não estava prestando atenção de verdade, era impossível olhar para outro lugar que não fossem os olhos dele, que refletiam aqueles pontinhos brilhantes acima das nossas cabeças.

— Entendeu? — perguntou.

— O que? — pisquei, voltando à realidade.

— Você estava prestando atenção? — riu.

— Sim, definitivamente. — sorri de canto.

Ele soltou um suspiro e tocou meu cabelo, fazendo um carinho com os dedos enfiados nas mechas. Agora ele olhava em meus olhos de forma tão intensa que eu me senti atraída como um imã.

Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora