Notas da autora

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    Esta história teve origem com um concurso de releitura dos contos de fadas que tomei como um desafio para expandir meus horizontes de escritora e sair da zona de conforto. Confesso que o tema não foi difícil de ser atrativo para mim, pois cresci ouvindo todos os contos de fadas possíveis de maneira quase ritualística todos os dias e noites, inclusive a história assustadora de "João e Maria", que apesar da minha mente infantil entender como uma bizarrice, era ao mesmo tempo muito prazeroso todo o efeito que me causava, sobre como ter coragem e reerguer-se dos perigos.

   Por causa dessas histórias me tornei quem sou hoje, me apaixonei por mágica, palavras, inícios, fins e esperanças. Foi um grande prazer relembrar do que minha criança do passado sentia para criar esta nova versão.

    O conto não fora escolhido por mim, e sim pelos organizadores do concurso. Quando me deparei com o nome do conto foi uma grande surpresa, por um momento achei até que seria impossível fazer algo novo que respeitasse a memórias dos grandes Irmãos Grimm. Mas então, me lembrei de tudo o que seus trabalhos me ensinaram, respirei fundo, vasculhei minhas memórias, iniciei minhas pesquisas e estudos, e "Os Excêntricos Filhos da Doceira" nasceu, explorando o gênero Folk Horror, carregado com histórias e criaturas do folclore alemão, que os autores originais ( os Grimm) provavelmente desfrutaram em sua infância, e esta foi minha forma de homenageá-los.

   Com uma visão mais adulta, trabalhar nesta obra me ensinou a importância de enfrentar as tristezas mais profundas de nossas, a consequência da escassez de fé, às vezes de razão, o lado das outras pessoas, autoconhecimento, escolhas e consequências. Ainda não sou mãe, mas tive oportunidade de ouvir e ver os muitos desafios dessa responsabilidade. Quero deixar claro que o livro não tem o objetivo de mostrar a maternidade como algo negativo, muito pelo contrário. Quis mostrar o quanto o amor de uma mãe é sem limites e a dor que elas carregam por suas crias sem pensar em si mesmas. Tudo isso baseado nos meus estudos.

     A dor da mãe que quer tirar o filho das drogas.

     A mãe solo que trabalha dia e noite para prover do bom e do melhor.

     A superprotetora.

    As que estão prestes a ser mães e temem pelo mundo que veem na televisão.

   O luto de uma mãe ao perder os filhos, de qualquer idade, mesmo depois de tantos esforços.

    Minha outra metáfora  folclórica trata-se da relação de amor de ódio entre o homem e a Mãe Natureza. Filhos ingratos, que sugam tudo sem pedir licença, chorando e gemendo mesmo depois de tantos mimos. Mãe justa, que um dia cobra o preço por suas malcriações e castiga quantas vezes seja necessário, na esperança de melhora, mas com um resultado pior. Um ciclo que gerará o fim.

      Todo o meu trabalho até aqui ainda é muito pequeno e desconhecido, mas espero que um dia alcance proporções maiores. Desejo também, queridos leitores, que esta obra tenha adicionado algo em suas vidas, desde simples entretenimento até uma reflexão profunda.

    Cuidado com casas de doces, elfos sombrios e bruxas. E um grande abraço de sua autora boba alegre.


                                                                                                               Dilara Le Faye.



Os Excêntricos Filhos da Doceira [Versão Concurso]Where stories live. Discover now