A Filha

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Quando alguém nos pergunta a quem admiramos, geralmente lembramos de pessoas mais velhas, mentores, exemplos. Mas eu não tenho dúvida de que a pessoa que mais admiro no mundo é a minha filha Catarina. Enquanto eu precisei ler, conhecer outras mulheres, fazer cursos sobre igualdade de genero, Catarina nasceu feminista. Ela se nega a vestir-se como se espera dela. Prefere o uniforme de futebol as roupas de bailarina. Nunca me esqueço do dia em que ela me deu uma lição quando eu disse que a roupa que ela estava usando era feia: "Eu tenho o direito de ser feia!".

Assim, como eu, minha Catita também teve que enfrentar problemas de falta de cabelo. Ela tem alopecia areata, uma doença dermatológica autoimune, que, do nada, faz partes do cabelo cair. Nunca a vi derramar uma lágrima por causa do cabelo. A gente simplesmente disfarçava com o penteado, ou, se ela não estivesse a fim, as falhas ficavam lá, expostas.

Um dos dias mais tristes da minha vida foi ter que contar a ela sobre o diagnóstico do câncer de mama. Eu deveria ter pesquisado melhor como fazê-lo, mas, sobrecarregada, simplesmente lhe contei num final de tarde, as duas sentadas no sofá da sala. Ela ouviu e pareceu confusa por um momento. Quando eu perguntei se ela sabia o que era câncer de mama ela me disse que a mãe do seu professor havia morrido por câncer de mama. Eu olhei para seu rosto e lhe disse: "Mas a mãe não vai morrer." E ela pulou em cima de mim com o abraço mais cheio de amor que já recebi na vida.  

Agora fodeu? A jornada de uma mulher e seu câncer de mamaWhere stories live. Discover now