SETEMBRO DE 2011.

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Querido diário, hoje eu cortei meu braço todo. Meus pais viram.

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— Verônica, o que é isso no teu braço? — engasgo com o pão quando ouço minha mãe, Cátia, perguntar e pegar meu braço, vendo que está repleto de cortes — O que é isso, Verônica? Por que você fez isso?

— Nada.

— Agora deu de se cortar? — Meu pai, com um olhar duro, reclama — Tudo isso para chamar atenção?

— E ainda tentou esconder para a gente não ver? Está ficando maluca? — grita minha mãe.

Incomodada com o interrogatório, saio da cozinha o mais depressa que posso, dando uma desculpa qualquer, e corro para o meu quarto, onde finalmente encontro um pouco de alívio. Porém, após alguns minutos, minha mãe entra com um cinto na mão.

— A única pessoa que tem direito de lhe ferir sou eu, entendeu? Foi eu quem lhe colocou no mundo, então da próxima vez que você fizer isso com você, pode ter certeza de que eu lhe darei uma surra — dito isso, minha mãe sai do quarto e bate a porta, deixando-me sozinha e totalmente em pânico.

Sentindo-me culpada e sem saber como lidar com tudo isso, eu me escondo no banheiro e, mais uma vez, passo o estilete no braço, abrindo as feridas que sequer tinham cicatrizado, deixando o sangue sujar o chão enquanto choro em silêncio.

Naquela mesma noite, rezo, buscando algum tipo de conforto ou orientação para enfrentar tudo o que está acontecendo.

C O R R E N T E SOnde histórias criam vida. Descubra agora