2014. QUANDO AS MENTIRAS DISFARÇADAS DE SORRISOS INICIARAM.

1 0 0
                                    


— Ela ainda está aqui? — mesmo com fones nos ouvidos, consigo ouvir Fernando e seu comentário desagradável sobre mim quando entro na sala. O primeiro dia do segundo ano letivo já começa de forma terrível. Pelo menos, quando olho para frente, vejo Maurício na mesma cadeira de sempre, já que estamos na mesma sala do ano passado. Meus olhos se iluminam brevemente e decido sentar perto dele, embora não conversemos muito, já que estamos focados em nossos próprios grupos de amigos.

No entanto, à medida que os meses passam, começamos a trocar mensagens durante a noite, que muitas vezes se estendem até a madrugada. Nessas conversas, compartilhamos nossos segredos e pensamentos, fortalecendo assim nossa amizade, mesmo que na escola mal troquemos palavras.

Eu sei o motivo: ele teme que a família descubra que ele anda tão íntimo das garotas, e ele não quer correr o risco de ser alvo de fofocas. Claro que entendo, estou apaixonada, e um pouco de atenção dele já me basta.

Uma noite nossas conversas começaram a ficar mais acaloradas e ele até me enviou uma foto íntima e privada, então fiquei sexualmente interessada nele. Claro, não vou negar isso, porque meus hormônios estão no auge e eu tenho dezesseis anos.

Mas Mauricio era menino e nunca beijou ninguém. E eu... ah, já perdi a conta de quantas vezes já enfiei a língua na boca de alguém.

Certo dia, na escola, Maurício me lançou um olhar enrubescido, como se fosse um pimentão, mas conseguimos disfarçar nosso embaraço e continuamos a conversar até altas horas da noite, durante dias e meses seguidos.

Mas, claro, a felicidade dura pouco!

Um dia, acabei faltando à escola e Ivana veio até minha casa para deixar um livro, por volta das seis da tarde. Com uma certa relutância, ela finalmente diz:

— Não quero te chatear, mas ouvi um dos meninos te chamando de "corta pulso" quando não respondeu à chamada...

Inicialmente, fico atordoada e com raiva diante dessa revelação. No entanto, após a partida de Ivana, me tranquei no banheiro e as lágrimas fluíram sem controle, a ponto de minhas lentes se soltarem dos olhos e caírem no chão sujo.

"Se eu morresse, você sentiria minha falta?", questiono tristemente ao amigo pelo qual nutro uma paixão intensa.

"Eu só saberia se isso acontecesse", ele responde em mensagem, infligindo ainda mais dor em meu coração.

Naquele dia, fiz mais um corte em minha pele.

C O R R E N T E SWhere stories live. Discover now