capítulo 22

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Violet sabia que não deveria ir no antigo quarto de sua mãe, sabia que seu pai ficaria furioso mas era difícil evitar procurar por ela quando sentia tanta dor. Desceu suavemente as escadas, vestindo sua camisola branca que certa vez fora de sua progenitora. Pelo menos daquela jeito ela matava a saudade que sentia da mãe, entrou no quarto e por um momento pode jurar que a fragrância que ela costumava usar, ainda se fazia presente no ar.

Queria poder ser uma adolescente frágil que corre para a mãe quando as coisas saiam de controle, mas naquele momento o seu único consolo era o quarto que um dia pertencerá a ela e que seu pai havia isolado depois da falecida ter partido.

Estar ali novamente lhe fez ter amáveis recordações de quando era uma menininha e corria para os braços da mãe sempre que chovia. Ela amava tanto que chegava a doer. Para Violet, não havia lugar mais seguro do que aquele, havia virado o seu refúgio.

Querendo reviver as sensações daquela época, se aninhou nos lençóis da mãe, inspirando o cheiro do travesseiro e recordando o perfume de rosas e avelã que ela tinha nos fios dos cabelos.

  Depois de um tempo deitada derramando algumas gotas sobre a fronha, se levantou e sorrindo com certa tristeza passou a mão por alguns quadros e móveis que estavam por ali a anos. Só queria sua mãe de volta.

  Deslizou seus dedos carinhosamente sobre as teclas do piano da mulher falecida, lembrando-se o quão bem ela tocava e o quanto amava cantar e tocar, era realmente boa.

  Lágrimas de saudade começaram a escorrer pelas bochechas de Violet, ela quase podia ouvir a voz doce da mãe ao cantar algum clássico. Ela por sua vez também adorava cantar mas não o fazia desde a perda da mãe já que era algo que as unia e que elas tinham em comum. Logan também era contra pois provavelmente trazia lembranças da esposa.

  Com muito cuidado, se sentou e deslizou suavemente os dedos sobre o piano, emitindo uma melodia calma e tranqüilizante. Fechou seus olhos e pensou no sorriso que a mãe costumava ter, fora sua fonte de inspiração.

  A medida que a melodia ia surgindo, ela sentiu logo o corpo começando a relaxar e sua expressão ficar mais suave, sentia-se flutuando enquanto os dedos habilidosamente flutuavam sobre as teclas, tocando nelas tão suavemente que mal pareciam serem tocadas.

De longe, ela era admirada secretamente por um garoto que sempre havia feito aquilo desde a infância, amado-a de forma platônica.

- Uau. - Ravi aplaudiu quando a nota foi morrendo e o ambiente foi ficando silencioso, ela permanecia com os olhos fechados desfrutando das emoções. Ele amava aqueles breves momentos em que ela se permitia ser quem realmente era, cheia de luz, ao invés da menina marrenta e fechada com ar misterioso e sombrio.

- Merda... - resmungou Violet ficando sem graça por ter sido vista, ele sorriu de forma marota para aquela rara timidez. - Você não deveria ter visto isso.

  Sua fala rude não surtiu o efeito esperado pois ao invés de se afastar intimidado por suas armaduras, ele apenas se aproximou de forma neutra e com os braços cruzados.

  - Por que? - se sentou ao seu lado, sem tirar os olhos dela. - Você é maravilhosa, Violet. Quer dizer... - Ficou vermelho e envergonhado de uma forma doce, custando a acreditar que havia dito aquilo em voz alta. - Sua voz é maravilhosa, você é muito talentosa.

  - Não exagera. Ela era talentosa, eu sou só... Boa. - murmurou com sinceridade pois sabia que nunca seria como sua mãe.

  - Você se parece muito com ela. Sabe disso, não sabe? - Tentou consolar ao perceber o olhar cabisbaixo da garota e aquilo era a verdade, Violet carregava consigo muitos traços da mãe.

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