capítulo 4

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CAPÍTULO 4
Dia ruim

Jogo meu corpo diante a mesa, permito meu corpo ceder diante ao cansaço. O cansaço físico estava se tornando algo insuportável, mas nada se comparava ao cansaço psicológico que eu estava sentindo naquele momento.

Eu abro o colete desesperadamente, querendo sentir o ar em meus pulmões ― a essa altura eu já parecia ter esquecido de como era respirar. Minha roupa estava coberta por cacos de vidros,por sangue que eu sequer sabia se era meu ou não. Minhas mãos tremiam, enquanto eu tentava retirar a bandoleira do meu corpo.

― Ei,ei.― Maria Clara tenta me acalmar,ela segura as minhas mãos.

― Eu não 'tô conseguindo! Por favor,tira isso de mim! ― Falo,em um tom desesperado.

A sensação de estar usando a farda,com um coleta que era consideravelmente pesado estava me deixando completamente desesperada. Eu sair do controle não era algo que acontecia com frequência, mas era algo que podia acontecer e quando isso acontecia.. era uma das piores sensações que eu podia sentir.

― Se acalma.― Maria Clara retira o meu colete e eu sinto o alívio me invadir.― Você está coberta por sangue, precisamos ir ao médico.

― O sangue não é meu.

― Capitã,olha pra mim! ― Ela segura o meu rosto.― A senhora precisa se acalmar,tá bem? As pessoas lá fora precisam de você.

― Ele era uma criança,porra!― Passo a mão pelo meu cabelo.― Como vou explicar isso para a imprensa?

― Ele tinha 17 anos,capitã. Ele liderava o tráfico local.― Ela fala.― As provas são concentras. Não a nada para se preocupar,senhora.

― Ele só tinha 17,porra! ― Bato na mesa.― Isso vai dar uma merda do caralho!

― Ele tinha 17 anos e uma ficha extensa de crime,capitã! Diversos homicídios, roubos e tudo que o que se pode fazer no crime.― Ela fala.― Ele era peixe grande,capitã! Era você ou ele.

Troca de tiro nunca foi algo fácil,ainda mais quando alguém saia completamente machucado ou morto. A morte é algo sombrio; ela está sempre presente na nossa vida e lidar de frente com ela não é nada fácil.

Mesmo exercendo o cargo de capitã no exército, eu ainda não estava acostumada a lidar com a morte ― mas ela está ao meu lado todo dia. Eu lidero tropas,invasões, eu tenho que estar focada 24 horas no trabalho,mas a morte era uma das coisas mais difíceis ali. Aquele ditado que diz: antes ele do que eu. Esse ditado acontece todos os dias na vida de um policial,de um militar,temos que escolher entre viver ou morrer todos os dias.

HOPE ━━ G. De Arrascaeta Where stories live. Discover now