All or nothing

05 - festa do sabão.

POV Brunna Gonçalves

Eu havia acordado naquela segunda-feira com um resfriado horrível, mas nada iria impedir a minha felicidade: eu estava oficialmente começando a minha vida independente! Tá ok que meus pais pagaram a minha faculdade inteira e estavam pagando todas as minhas contas, além de o apartamento ter vindo deles também... Mas enfim, comparada à toda a minha vida, aquilo era o máximo de liberdade que eu já tive. E eu estava inteiramente feliz por isso. Não era um resfriadinho qualquer que iria abalar o meu dia fabuloso!

Levantei-me com duas horas de antecedência e fui até o banheiro. Tomei um banho extremamente longo, e quando saí, andei até o meu closet. Qual a roupa ideal para começar uma nova etapa da sua vida?, pensei antes de começar a escolher a roupa.

Ao terminar de me trocar, me encarei no espelho. Eu estava com um vestido branco que vinha até metade das minhas coxas e um laço igualmente branco na cabeça. Nos meus pés, um sapato de salto alto prata. Balancei meu cabelo e pude ver as pontas vermelhas se contrastarem no branco do vestido. Fiz uma careta para aquilo, mas eu ia ter que me acostumar, afinal, passaria o primeiro semestre inteiro daquele jeito. Terminei a maquiagem e, antes de sair, pisquei para mim mesma enquanto me olhava no espelho.

Júlia me esperava na sala do meu apartamento, mexendo no celular.

— Hey, Ju — cumprimentei Júlia, que levantou o olhar para mim e sorriu, levantando-se em seguida.

Ela vestia uma calça dourada cheia de brilho, uma camiseta regata preta e um salto alto de oncinha. Tão Júlia.

Descemos juntas até o estacionamento e cada uma pegou seu carro. Dirigimos uma ao lado da outra até chegarmos no campus da faculdade. Meu pai também havia pensado nisso: assim que entrei com o carro na faculdade e me identifiquei, um dos seguranças disse que havia uma vaga reservada para mim durante todo o período letivo. Agradeci mentalmente à ele e me direcionei à vaga que me foi apontada. E, sem surpresa nenhuma, vi que Ju também tinha a sua vaga reservada, logo ao lado da minha. Descemos do carro juntas e pegamos nossas bolsas, nos direcionando até o campus.

As aulas foram ótimas! Apesar de ser apenas o primeiro dia e de termos mais nos apresentado do que qualquer outra coisa, a pouca matéria que teve era fascinante.

Eu e Júlia já estávamos nos encaminhando para o estacionamento no das aulas, quando fui pensar que eu havia passado o dia inteiro naquele campus e não tinha visto...

— Dayane! — gritei, quando a vi vindo na nossa direção. Eu e Ju sorrimos para ela e ela sorriu de volta para nós, mas tinha alguma coisa muito errada: ela estava segurando um balde cheio com alguma coisa. Eu fiquei pensando o que diabos uma aluna do quinto semestre de Medicina estaria fazendo com um balde no meio do campus da faculdade, mas quando ela chegou perto o suficiente e virou o balde em cima de mim, eu tive uma pequena ideia.

Eu gritei o mais alto que pude e me esperneei o máximo que eu já havia esperneado durante a minha vida inteira.

— DAYANE! — gritei, puta da vida. Eu estava sendo humilhada no meu primeiro dia de aula por uma pessoa que eu chamava de "amiga". Dayane, ao me ver naquele estado, só conseguiu gargalhar mais alto do que já estava gargalhando. Olhei em volta e percebi que todos os calouros estavam molhados da mesma forma que eu, inclusive Júlia, que gritava e dava tapas frenéticos em um dos meninos que estava com um balde nas mãos.

— QUE MERDA TÁ ACONTECENDO? — gritei para Dayane, dando um tapa no braço dela. Passei a língua pelo meus lábios e senti o gosto de sabão. — Isso aqui é água com sabão, Dayane!

Dayane segurava a barriga de tanto que estava rindo e eu só estava ficando mais brava ainda com aquilo.

— Bem vinda à faculdade, caloura — ela falou, enquanto trazia sua mão até o meu cabelo e o bagunçava. — Esse foi o seu ritual de iniciação.