BÔNUS: os porquês

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Eu sou um tabu

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Eu sou um tabu.

Num passado não muito distante de hoje — cerca de alguns dias atrás, apenas — as pessoas olhavam pra mim e se perguntavam, muito provavelmente, o porquê de eu estar fazendo isso. O porquê de eu ser fã de uma boyband se sou homem.

Esse é o meu tabu.

Eu não deveria aceitar os comentários preconceituosos e homofobicos — que apesar de eu não ser gay me incomodou muito — no meu feed do Instagram. Eu poderia processar essas pessoas, poderia pedir ao próprio aplicativo para bloquear o perfil e o acesso dos usuários, eu poderia fazer tanta coisa.

No entanto, tudo que eu fiz, foi deixar pra lá. 

Eu tinha conseguido.

O meu momento de glória, de felicidade e, principalmente, de redenção havia chegado. O momento que eu tinha a oportunidade de contar aos integrantes da One Direction, banda preferida de Lili, o quanto ela os amava. Eu poderia, finalmente, me redimir por tê-la feito chorar tantas noites por desprezá-los.

Então, isso me bateu.

America.

Lili não é a unica que merece ter sua história contada.

America também merece.

Percebi, então, que eu só precisaria de algumas horas. Eu não precisava do fim de semana inteiro. O motivo pela qual eu me inscrevi nessa promoção — além de querer conhecê-los pessoalmente, claro — era pra poder contar a história da Lili, do quanto ela os amava e teve a vida interrompida por um câncer maldito.

Enquanto o câncer silencioso percorria cada tecido dela, eu os odiava dia após dia. Foi num dia desses, que Lili sentiu dor no quadril. Uma dor horrível, foi como ela definiu. Meus pais a levaram ao hospital, e após uma sequência infinita de exames, constatou-se o câncer, em estágio avançado.

A morte dela, infelizmente, foi inevitável.

Eu me culpei por isso.

Eu podia ter entendido que ela só queria atenção. Um pouco da minha atenção. Eu podia, diferentemente de Mason, que na época era meu cúmplice de babaquice, ter entendido. Só que eu era um adolescente babaca, estúpido, com preocupações fúteis que não tava nem aí para a banda de bambis da minha irmãzinha mais nova.

Bambis.

Esse xingamento fez Lili chorar por horas uma vez.

Meus pais me proibiram de sair com os meus amigos — se é que aqueles caras podiam ser considerados meus amigos de verdade — por duas semanas. Eu era cruel. Lili estava implorando uma trégua, gritando um "chega, Kellan! Isso dói demais" e eu não tava nem aí. Ela nem se defendia, porque não sabia como. Eu era mesmo cruel, mas amava minha irmã, sempre amei, só não entendia o porquê de ela querer tanto aqueles caras em sua vida se tinha a mim.

Os ciúmes me motivavam a desprezá-los.

Eu queria que o amor dela por eles fosse por mim, mas isso nunca aconteceria. Não depois de tê-la perdido. 

Eu tirei a paz de Lili.

Depois disso, nunca mais fui o mesmo.

Até agora.

WeekendWhere stories live. Discover now