capítulo 3: tem coisas que eu preferia não lembrar [+16]

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"Porque está muito frio
Para você aqui e agora
Então me deixe segurar
Suas duas mãos nos bolsos do meu suéter"

— Sweater Weather, The Neighbourhood.

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CAPÍTULO TRÊS
tem coisas que eu preferia não lembrar.

A página do meu blog, The Blue and Gold, está aberta há vinte minutos e nada saí bom o suficiente para ser publicado

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A página do meu blog, The Blue and Gold, está aberta há vinte minutos e nada saí bom o suficiente para ser publicado. Nem mesmo uma simples vírgula parece fazer sentido; um ponto, menos ainda. Reescrevi inúmeras vezes a primeira linha desta resenha crítica de Eleanor&Park, um livro que li recentemente, escrito por Rainbow Rowell, e, novamente, seguro a tecla "apagar" para que limpe o rascunho pela milionésima vez.

A tela está branca.

Solto um suspiro e desisto.

Decidi, então, telefonar para a editora e informar que não entregarei a resenha dentro do tempo estimado, dadas as circunstâncias. Procuro o contato da Van de Bosh Publishing salvo na agenda do Iphone. Assim que disco o número, no terceiro toque, a secretária atende com uma saudação.

— Boa tarde, Candice — eu retribuo.

— America! Como você está? — Candice pergunta. Ela é o tipo de pessoa tagarela, que fala pelos cotovelos, mas é engraçada, educada e noiva de Sebastian Van de Bosh, um milionário dono de uma editora com réplicas em vários outros países. Ela é noiva do meu chefe. Candice é uma Van de Bosh. O quão irônico isso é? — Você não veio trabalhar hoje, o quê é inédito, mesmo que seja a sua folga. Você sempre trabalha às sextas. Aconteceu alguma coisa contigo?

— Comigo, não — respondo. — Estou na Inglaterra. Uma amiga querida perdeu o marido ontem a noite.

— Oh, céus. Sinto muito.

Solto um suspiro longo e pesado.

— Liguei para perguntar se há possibilidade de adiar a publicação da resenha. Não estou com cabeça para o Blue and Gold agora — esclareço.

— Claro, querida. Fique afastada o tempo que for preciso.

— Segunda estou de volta.

— Na terça, America. Cuide um pouco mais da sua amiga. E de você, claro. Qualquer imprevisto de retorno, me ligue. Você tem o meu número pessoal, sinta-se à vontade para ligar — Candice assegura. — Eu assino a sua licença até segunda e aviso o Sebastian. Não se preocupe.

— Obrigada, Candice. Mesmo.

— Não há de quê — ela responde. Imagino um sorriso sutil e singelo em seus lábios. — Dê condolências à sua amiga por mim.

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