DOIS

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Valentim

- Quando vai contar a ela seu nome de verdade?

- Nunca.

- Valentim, tem sete anos que você mente pra ela, eu acho que já deu.

- Você devia cuidar da sua esposa e deixar meu trabalho em paz- o Henrique é gente boa, mas gosta de palpitar onde não deve.

- Não tá mais aqui quem falou, foi só um conselho.

- Já ouviu "se conselho fosse bom, não dava a gente vendia"- eu pisco pra ele. Cara chato do caralho.

- Caralho Valentim, hoje você tá afiado- Juan, outro pé no saco- Acho que é falta de uma foda, só pode- eles riem. Idiotas.

-  Falta de quem quer ele não é- o Henrique tá todo cheio de graça, mas vou cortar o barato deles agora.

- A Jimena tá vindo ai esse dias e ela tá puta com vocês- a risadinha e a brincadeira acabou rapidinho- Eu vou sair, até mais seus bunda mole.

- Valentim- o Juan me chama- A Cami me disse que o Rojas tá querendo falar com você- eu falei que o Juan é um pé no saco.

- Que merda!- o Rojas é o chefe do cartel rival ao da Jimena e infelizmente é o meu pai- manda ele ir se fuder.

Eu saio do prédio e vou sair pra distrair minha mente. Tenho que tomar cuidado, pois eu ganho relativamente pouco para o padrão de vida que eu tenho mesmo, um professor não ganha muito pra ter um audi Q8, (então eu saio com minha moto, que é mais aceitável) mas eu não sou realmente um professor. Eu sou um traficante de um cartel colombiano com duas identidades totalmente distintas, por isso eu não posso sair por ai desfilando com um carro desse porte e nem com roupas que mostrem minhas tatuagens.

Eu tenho as costas, as coxas e metade dos braços cravados de tatuagens, algumas são do cartel e não posso em nenhuma hipótese deixar alguém ver. O Rojas me vê como um traidor, só que, há mais ou menos um ano ele vem mudando de ideia, pois pede pra minha irmã mandar recado através do Juan pra mim, só que eu não vou abandonar a Jimena, nunca.

- Professor Rodrigues?- um grupo de alunas me cumprimenta na entrada do bar.

- Vocês não são muito novas pra estarem aqui?- não é da minha conta, mas um professor normal perguntaria isso.

- Estamos acompanhadas das nossas mães- mentirosas.

- Tchau meninas- eu me despeço. Não tô nem ai para o que elas vão fazer.

O bar tá razoavelmente cheio pra uma quarta feira a noite. A maioria são jovens e menores de idade.

Uma pena que a maioria deles são ricos e não sabem aproveitar as boas chances que a vida dá. Eu cresci dentro de um cartel, não sei outra vida que não seja essa, mas não é uma vida ruim, eu tive oportunidade de sair, mas não quis.

- E ai bonitão- uma jovem vem até mim, ela não parece ter mais que 20 anos- Quer sair um pouco?- ela cheira a álcool e a pupila esta dilatada.

- Eu passo- ela sai batendo o pé e o Henrique me encarra.

- Garota linda e você passou? Sério Valentim?.

- Eu não tô a fim de ir pra cadeia- eu dou um gole no uísque- Essa garota vai ter uma overdose a qualquer momento.

A PROTEGIDA- UMA HISTÓRIA DE CARTEL (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now