19. Quando essa batalha terminar

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Quando finalmente se arrastou para a cama nas primeiras horas da manhã de 1º de novembro, Hermione rezou por um pouco de paz.

Ela não teve.

Nem duas horas depois, ela saiu de seu sono agitado, tomada por uma dor ardente que a encheu de certeza absoluta de que iria morrer.

A dor - penetrante, febril - começou na parte inferior das costas, espalhando-se rapidamente pelo corpo até sufocar a respiração de seus pulmões em chamas, deixando-a ofegante enquanto se jogava em uma posição sentada, vagamente consciente do grito de uma mulher que desaparecia de seus ouvidos. Ela se agarrou às laterais do corpo, ofegante, atordoada ao perceber que o grito havia saído de sua própria garganta.

Ela olhou com atenção para os cantos escuros de seu pequeno quarto, com uma das mãos procurando a varinha enquanto sua mente percorria as últimas imagens de que se lembrava: Comensais da Morte, árvores grossas, corpos imóveis, fogo e fumaça... depois a dor horrível e a escuridão...

Um sonho, ela percebeu de repente.

Hermione soltou um suspiro trêmulo e relaxou os músculos tensos, estremecendo com a dor que ainda ecoava em suas laterais e costas. Ela soltou a varinha com cuidado e deixou-a cair sobre os lençóis emaranhados ao seu lado, antes de enterrar o rosto nas mãos, inalando tremores para conter as lágrimas que se acumulavam atrás das pálpebras.

Tinha sido apenas um sonho - um sonho vívido - mas simplesmente um sonho.

Sonho ou não, os lados de Hermione ainda ardiam com a agonia lembrada e suas mãos ainda tremiam com a adrenalina avassaladora que havia percorrido seu sistema, assim como as imagens fantasmagóricas - que já haviam perdido o brilho visceral em sua mente - ainda lhe traziam lágrimas aos olhos, fazendo-a estremecer só de pensar.

Na terrível quietude que se seguiu, Hermione percebeu o som de passos correndo em sua direção, aproximando-se rapidamente até que a porta do quarto foi aberta. A forma sombria de Marisol foi silhuetada no vão da porta pela luz das lâmpadas da sala de estar que se derramavam na escuridão do quarto.

"Hermione?", disse a voz de Marisol, preocupada e com sono. "O que há de errado? Você está bem?"

Ela apertou os olhos contra a luz, levantando uma mão para proteger os olhos. "Estou bem, Marisol. Está tudo bem."

"Eu ouvi seu grito", ela se aventurou em discordância velada.

Hermione suspirou. "Foi só um sonho ruim. Nada para se preocupar." Ela afastou o cabelo rebelde do rosto, exasperada. "Embora eu ache que é bem provável que eu não vá conseguir dormir esta noite."

Os olhos castanhos de Marisol estavam brilhantes de preocupação quando ela acenou com a cabeça de forma persuasiva. "Venha para cá, vou preparar algo para nós e podemos conversar sobre isso. Não há necessidade de você sofrer sozinha."

"Marisol..."

A jovem balançou a cabeça para evitar qualquer discussão. "Considere isso como uma retribuição do favor quando você perdeu o sono por causa de Carlos e sua serenata. Venha, vou preparar um pouco daquele chá que você bebe." Sem dar à amiga a chance de discordar, Marisol voltou para a pequena cozinha.

Derrotada, Hermione afastou o cobertor e se levantou, movendo-se com cuidado ao abandonar o quarto e qualquer pretensão de descansar naquela noite. Com a varinha enfiada no bolso do pijama folgado, ela se arrastou até a cozinha, com os membros pesados de cansaço e os pensamentos igualmente pesados. Ela se sentou à mesa estreita que servia de mesa de jantar enquanto Marisol enchia a chaleira e pegava canecas, saquinhos de chá e cacau em pó. Poucos minutos depois, Hermione tinha uma caneca fumegante de chá de camomila, enquanto sua companheira de bangalô tomava um chocolate quente e espesso.

Heart Over Mind | SevmioneWhere stories live. Discover now