A dor da perda era algo que Alef conhecia bem, ela costuma ser fria e sombria. Ela traz a sensação de vazio e solidão. Essa sensação costuma ser mais dolorosa quando se trata de alguém que você ver todos os dias. É como se uma peça do quebra-cabeça tivesse desaparecido, o tornando incompleto.
O choro desconsolado da jovem o atingiu em cheio, fazendo com que se sentisse impotente diante de tanta dor. O que um homem como ele poderia fazer? Ele não era bom em consolar. Cada gemido e soluço que escapava dos lábios da jovem acrescentava uma camada de desconforto que o impelia a manter sua distância. Para ele, era complexo demais ver uma mulher chorar. Homens choram, mas Alef os via se consolarem com mulheres, bebidas e qualquer piada que muitos soltam nas tabernas. E as mulheres? Como consola-las? Não havia uma floricultura perto e nem padarias que vendem doces de mel.
Sem saber o que fazer, o viajante apenas se sentou ao seu lado e ficou em silêncio.
O tempo passava e a jovem perdia suas forças, seu choro a deixou cansada.
Parecia que as lágrimas de seus olhos não queriam mais ser derramadas.
Ela apenas se silenciou depois de muito de se derramar em dor.Talvez o silêncio seja a consolação ideal para quem não tem nada a oferecer.
Depois de algum tempo, Alef se levantou e saiu caminhando, deixando a jovem sentada sobre a rocha. Ela até pensou que ele a estava deixando para trás, mas nenhuma reclamação saiu de sua boca.
Minutos após, retornou Alef com gravetos e pedaços pequenos de madeira. E com sua pequena experiência como viajante, ele montou uma fogueira para que pudessem se aquecer. Suas roupas estavam ainda úmidas e logo iria anoitecer.
Nada fizeram durante a tarde.Na sua busca por lenha, Alef achou algumas frutas silvestres e ofereceu a moça.
— Eu deveria ao menos saber o seu nome.
— Alina. Meu nome é Alina. — disse a jovem assim que pegou as pequenas frutas.
— Alef. — disse o peregrino enquanto comia seu alimento observando a chama acessa do fogo.
— Obrigada por ter me salvado e por não ter ido embora. Eu realmente não sei se sobreviveria mais uma noite fora da cidade.
— O seu instinto a manteria viva, pelo menos durante essa noite.
O jovem de cabelos escuros sabia que ela queria perguntar sobre a morte de Armis, pois seu olhar transmitia curiosidade. No entanto, faltava coragem em lhe fazer a pergunta.
— Ele morreu tentando salvando pessoas. De fato, é um herói.
Um sorriso genuíno e entristecido apareceu no rosto de Alina. Ela parecia mais tranquila ao saber que morte de seu pai foi um ato heroico, ela sempre o viu dessa forma.
— Sua perna está melhorando? — perguntou Alef.
Uma mudança de assunto é frequentemente uma tática útil em conversas. Ele não queria que ela chorasse novamente.
— Está doendo menos do que antes.
— Ótimo.
O silêncio mais uma vez pairou sobre eles. O clima até ficou desconfortável.
Ao perceber que o forasteiro não pronunciaria nenhuma palavra a mais, Alina decidiu abordar um assunto que a deixou curiosa desde o dia que Alef apareceu na cidade.— Eu soube que chegou na praia acorrentado. Por que estava assim?
— Eu fui capturado por escravistas.
— Por que?
Alina parecia bastante curiosa com a resposta para essa pergunta. Na verdade, Alef para ela, era uma incógnita. Ele não tinha cara de assassino, nem parecia com os demais escravos que um dia ela viu.
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O Caminho do Viajante
Fantasy"Para quem sempre trilhou caminhos aleatórios e viveu sem um propósito na vida, ser chamado para seguir um caminho específico não é fácil, principalmente quando é chamado por alguém que você nunca viu. Assim aconteceu comigo, após diversas perdas na...