Ayla

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   O anjo Rafael seguiu adentrando mais a fundo daquele tempo antigo, eu o acompanhava seguindo logo atrás. Durante o percurso, a minha atenção recaia em algumas figuras estranhas entalhadas naquelas paredes desgastadas pelo tempo. Elas pareciam ser símbolos antigos de alguma  linguagem desconhecida por mim.

   — Fique parada aí mesmo! — Ordenou o anjo para a minha surpresa.

   — Como é que é? — disse arqueando uma de minhas sobrancelhas.

   Ele virou de costas para mim, deixando-me falar sozinha. Isso me deixou muito irritada, pois detestava ser ignorada.

    Ainda de costa para mim,  ele juntou as duas mãos e começou a entoar algo em outra língua que eu mal entendi. De repente, os símbolos estranhos entalhados nas paredes começaram a emitir um brilho azulado como se estivessem acendendo. Em seguida, um tremor surgiu no local, abrindo um grande buraco na frente do anjo, e dele, algo se eleva preenchendo o espaço. Em passos curtos, decidi me aproximar para averiguar o que aquele anjo estava aprontando.

   — O que está fazendo? — Perguntei, tomando a frente dele. — O que é  isso?

   Diante dos meus olhos, um pequeno altar havia se formado. Rosas vermelhas e margaridas brancas  estavam espalhadas em torno de um grande caixão de madeira todo branco, possuindo alguns detalhes em pinturas douradas e símbolos semelhantes à das paredes do templo.

   — " Isso" são as respostas que você procura. — Disse ele se aproximando do caixão e retirando a tampa.

   — O-o que está fazendo? — Perguntei confusa. Não conseguia entender o que ele queria dizer com "Respostas que você procura ".

   — Aproxime-se, Amélia! — Levada pela curiosidade, me aproximei do ataúde, vendo por fim a pessoa que estava deitada nele.

   Não consegui conter as minhas lágrimas e evitar o meu desespero após reconhecer a pessoa que estava naquele caixão.

   — Mãe…? — As minhas lágrimas pingavam no rosto pálido dela.

   O brilho que ela geralmente emanava de seu corpo havia se apagado. O seu semblante calmo e sereno deixava a impressão de que ela estava apenas dormindo,  como se fosse acordar a qualquer hora. Ela usava um lindo vestido preto longo que caía perfeitamente em seu corpo. Uma tulipa vermelha foi posta debaixo de suas mãos que estavam por cima de seu busto.

   — A sua mãe foi uma grande amiga e a melhor rainha que já tivemos. Pena que…

   — O que aconteceu com ela? Como ela morreu? — Perguntei enxugando as minhas lágrimas. Eu não gostava de demonstrar as minhas emoções em público, pois isso significava fraqueza, e fraca eu não era.

   — Você tem todo o direito de saber, — Ele olhava para a minha mãe com ternura — mas antes, preciso te contar a verdade sobre a sua origem.

   — Como assim? — Indaguei, confusa.

   — Você sabe quem é o seu pai?

   — Não. — respirei fundo — A minha mãe me falou uma vez, que meu pai não sabia da minha existência, mas nunca me falou quem era ele.

   — Entendo… — Olhou mais uma vez para ela, antes de voltar a sua atenção para mim —   A Ayla tentou te proteger da verdade…

   — Que verdade? — perguntei mais seria.

   — O seu pai é o Damian, o antigo líder dos demônios na antiguidade.

   — Que?...— Estava completamente em choque e ainda mais confusa do que antes.

Amélia- A herdeira do Caos Where stories live. Discover now