12) Compreensão

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"Me desculpa por ontem"; essa foi a frase que começou o dia. Ambos ainda estavam deitado na cama, olhando um para o outro em uma posição que com o passar dos dias tornou-se comum.

- Você não precisa me pedir desculpas por nada relacionado a esse assunto, Gun.

- Me senti estranho ontem a noite, estava desconfortável por ser tocado, eu queria poder dizer que era aquilo que mais estava me incomodando. Mas a sensação de culpa e ingratidão era pior.

- Ingratidão?

- Você cuidou de mim enquanto eu estava drogado, Off. Eu não sei como acabei dormindo em cima de você, com uma roupa limpa e nova, mas sei que não passou dos limites comigo. Aquela noite foi um verdadeiro teste de confiança, para nós dois eu acredito, mas principalmente para mim. Queria que eu confiasse em você, muito bem... eu confio em você, tá bom?

- Por que está me dizendo tudo isso às sete horas da manhã?

- Fico mais corajoso quando estou com sono.

- Você não se lembra de nada sobre o fim daquela noite, não é?

- Não me lembro, disse coisas muito constrangedoras?

- Talvez você queira dar um tiro em si mesmo se soubesse tudo o que falou pra mim. - Off riu, esfregando os olhos.

- Espero que não tenha levado nada a sério.

- Não tinha como levar nada daquilo a sério, não se preocupe.

- Te deixei desconfortável?

- Na verdade não, mantive em mente que você não tinha culpa. Na verdade eu estava com raiva do Vongxai, tanta raiva que eu poderia dar um tiro na cabeça dele sem problemas. Mas no final eu não queria te deixar sozinho.

- Falando assim, nem parece que não gosta de mim.

- Já conversamos sobre o assunto. É você quem não gosta de mim.

- Não, não tente dizer que sou o único. Da primeira vez que nos vimos você já me olhou com desdém.

- O quê? - Jumpol pareceu indignado: - Foi o que pareceu?

- É claro que sim, você até sussurrou algo para Tay quando eu virei as costas. E continuava me julgando com o olhar quando me via.

- Definitivamente eu não tinha nada contra você. Me desculpe se é isso que pareceu.

- Talvez tenha sido só a sua cara de bunda natural.

- Que bom que voltou ao normal.

Off riu, quando ele sorria seus olhos se fechavam. Gun considerava isso um detalhe fofo, no geral, o rosto de Jumpol parecia um repelente de seres humanos, não por ser feio, mas por estar sempre mal-humorado e infeliz. A única coisa que destoava dessa névoa tóxica eram seus olhos, dóceis como os de um gato amoroso. Ele não rejeitaria esse pensamento como fazia com todas as boas impressões de Off, afinal, ela estava lá no primeiro dia em que se conheceram.

- P'Tay, eu estava te procurando. - O menor caminhava entre os corredores repletos de salas com vidraças, sempre cheias de mulheres e homens engravatados. Ele procurava somente Tawan, mas o respectivo indivíduo estava acompanhado de outro homem. Alto, esbelto e com um olhar chamativo.

- Bom dia, nong. Aconteceu alguma coisa? - Tay abriu um largo sorriso ao vê-lo, e ele respondeu com outro, que desenhava lindas covinhas.

- Eu estou bem, e você?

- Muito bem.

- Isso é bom... oh! Certo, Caskey me mandou entregar esse documento pra você, disse que vinha da perícia hospitalar. Não se preocupe, eu não li nada.

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