Renegade Dragon - Renascer da Lenda

Capítulo LXI - O Primordial

Explosões, incêndios, correria e muita confusão estavam espalhadas sobre os quatro cantos da cidade, a metrópole do fogo tão famosa no mundo todo foi inesperadamente jogada no completo caos quando uma briga entre dois exércitos poderosos se encontraram em uma luta monumental ao longo das ruas, a ATLAS e a Igreja, em um duelo lendário envolvendo guerreiros até então poucas vezes vistas em combate na história

Mas apesar da histeria generalizada, um homem conseguia se manter estranhamente calmo, como se estivesse no olho do furacão, olhando um pequeno céu límpido enquanto tudo ao seu redor vai desmoronando pouco a pouco

Esse homem não era ninguém menos que Sapientia, caminhando tranquilamente pelos corredores procurando a saída, como um idoso qualquer

Todo mundo já sabe que sua idade foi definhando sua capacidade de visão, mas ele até hoje se recusa a usar óculos, como um velhinho irritantemente teimoso, às vezes seus alunos se perguntavam se ele tinha uma dupla personalidade

Sapientia às vezes era estoico, comprometido, disciplinado, e como seu próprio nome diz, Sábio
Mas na maioria do tempo era como um senhorzinho comum, nada de diferente com qualquer outro homem em idade semelhante ao dele, com os mesmos problemas físicos e as mesmas reclamações, como por exemplo a famosa frase "Na minha época..."

Mas isso estava prestes a mudar de uma forma que mais se assemelha a um raio, é muito rápido, mas o barulho do trovão faz estrago...

Sapientia ainda andando pelos corredores se depara com sua pior visão dos últimos anos

Aibō, uma boa garota, que ele conhece desde criança, a menina que ele pegou no colo, que ele ensinou a se defender e depois a treinou para se tornar a segunda no comando da equipe de Hikari, que graças a sua gentileza e bondade, preferiu treinar magia de cura, para não deixar nenhum de seus companheiros morrer

Estava ali, morta de um jeito trágico e simplesmente feio, naquele momento, seu coração se apertou pela primeira vez em muitos anos

Ele sabia quem era o culpado, não podia haver outro...

Katsuo Doragon Kurayami

O menino que ele viu ascender como prodígio, o menino a qual Sapientia guardou segredo por mais de uma década, o menino que Katsuo abrigou quando ele mais precisou dele, o menino que disse a ele que queria encontrar a paz novamente entre os dragões gêmeos, esse garoto fez algo imperdoável, levou uma de suas crianças de encontro com a morte, isso era imperdoável, para quem quer que fosse

Sapientia voltou a caminhar...mas dessa vez com um local específico em mente, a UERF, onde uma batalha estava prestes a se desenrolar...

Dentro do colégio, os dois receptáculos de dragões estavam prontos para acabar de uma vez por todas com suas richas, como eles próprios disseram, alguém precisava morrer essa noite

Entretanto, poucos segundos antes da luta que daria fim a mais uma cidade do Reino do Fogo ter início, um som de passos ecoando pelo salão chamou a presença dos dois, passos lentos, mas que naquele contexto gerava um clima macabro

Até que das sombras surge Sapientia, com seu rosto amigável de sempre...mas com um sorriso diferente, não propriamente assustador, mas assustadoramente diferente

– "Olha só quem chegou, achei que já tinha voltado pro seu axilo em Roma, suas costas podiam ter travado de ter andado isso tudo só pra vir me ver, tava com saudades?" - Pergunta Katsuo

– "É claro que estava com saudades, como não poderia? Afinal, você era minha melhor criança..." - A palavra "era" soou estranho nos ouvidos de Katsuo, era como se ele já o considerasse morto, isso estava ficando cada vez mais estranho, e um alerta surgiu na mente de Katsuo

– "Mesmo em momentos como esse, você ainda tem a coragem de ficar de piadinhas? Você é um maníaco sem cura" - Esbraveja Hikari com muita raiva acumulada, querendo iniciar a luta agora, na frente de seu professor... mas não foi isso que aconteceu

– "Hikari...saia daqui, eu não vou repetir, apenas fique quieto, e saia sem dar um pio..." - Diz Sapientia, causando um arrepio na espinha de Hikari, que foi obrigado a engolir toda sua mágoa e se retirar silenciosamente do local, pois a aura que ele sentiu sendo emanada do corpo de Sapientia, podia o fazer desmaiar, e o próprio Solis o avisou que ele deveria obedecer cegamente, Solis conhecia aquela pressão muito bem, e sabia que Sapientia cuidaria disso de uma forma muito eficaz...

– "Ele te obedeceu sem pestanejar...que garoto educado, o respeito pelos mais velhos é raro hoje em dia em, deve valorizá-lo o melhor que pude..." - Derrepente Katsuo sentiu como se seu peso tivesse multiplicado em vinte vezes, e caiu ajoelhado no chão sentindo uma pressão enorme vindo da direção de Sapientia

– "Silêncio...já me cansei da sua voz" - Diz Sapientia abrindo os olhos, e eles brilham, brilham muito, na cor de um vermelho sangue, e havia tanta mana em Sapientia que era possível vê-la emanando do corpo dele, e era uma mana de uma cor nunca antes vista, mana de cor vermelha

Katsuo olhou aquilo e tentava sem sucesso decifrar o que estava acontecendo naquele lugar, até que sua mente se lembrou de uma história que ele ouvia quando criança...

Nos primórdios do mundo, dois dragões nasceram, o Dragão Branco e o Dragão Negro, duas criaturas que detinham o poder infinito

Mas alguns estudiosos descobriram sinais arqueológicos de outra criatura, encontraram escamas vermelhas em uma escavação em Roma, tudo isso era normal, mas o problema é que de acordo com os estudos indicavam que a escama datava de antes do início do mundo

Então havia duas sugestões, a primeira era que existia uma criatura que tivesse existido antes da criação do mundo, a outra, era que essa criatura detinha tanto poder que ela criou o mundo

Essa criatura foi apelidada de Lendário Dragão Rubro, o Primordial

Mas havia um problema nessa história, como uma criatura tão poderosa viveria tanto tempo e ninguém tivesse visto, a única resposta encontrada era que ela também tinha o seu próprio receptáculo

Voltando a UERF...

Talvez, a criatura fosse real, e pior, Katsuo talvez  tenha encontrado o receptáculo dela